:: O
QUE É MANGÁ? MANGÁ
é uma dessas palavras
de origem nipônica que cada vez mais está sendo utilizada
no quotidiano
tupiniquim, que nem “sushi”, “origami” e “sashimi”. Poucos, entretanto,
sabem
definir o que precisamente é o MANGÁ. A palavra
MANGÁ é o resultado
da união dos ideogramas MAN (humor) e GÁ (grafismo),
sendo sua tradução literal
para o português “caricatura”, “desenho engraçado”. A primeira
pessoa a utilizar
a palavra MANGÁ foi o artista Katsushita Hokusai, extremamente
conhecido no
Ocidente por suas gravuras “ukiyo-ê”. Entre 1814 e 1849, Hokusai
produziu um
conjunto de obras em 15 volumes retratando cenas do dia-a-dia que o
rodeava,
deformando o desenho das pessoas que retratava de forma a salientar
seus traços
marcantes. Estas caricaturas de época receberam o nome de
HOKUSAI MANGÁ e
representam os primeiros passos das charges e das histórias em
quadrinhos no
Japão. Com o
advento da Era Meiji
na segunda metade do século XIX, o Japão saiu de um
isolamento cultural de 200
anos e passou a ter maior contato com o Ocidente, procurando o mais
rápido
possível assimilar tecnologias, costumes e ideologias que vinham
do
estrangeiro. Nessa época destacou-se o trabalho do inglês
radicado no Japão
Charles Wirgman, que em 1862 criou a revista de humor “JAPAN PUNCH”,
abrindo
através das charges políticas um novo tipo de arte
cômica aos japoneses e a
obra de Rakuten Kitazawa (1876-1955), que criou os primeiros quadrinhos
seriados com personagens regulares e batalhou pela adoção
da palavra MANGÁ para
designar histórias em quadrinhos no Japão. Com a
modernização do país e
com o desenvolvimento de uma linguagem de quadrinhos própria aos
costumes e à
realidade japonesa, MANGÁ se tornou sinônimo de
caricaturas e HQs. A idéia de
MANGÁ como um estilo de desenhos e narrativa só surgiu no
pós-guerra, com o
trabalho de Osamu Tezuka (1926-1989), também conhecido como
“Deus do MANGÁ”. Osamu
Tezuka é o criador do
estilo de desenho que retrata as pessoas com olhos grandes e brilhantes
e
influenciado pela obra de Walt Disney e pelo cinema europeu, já
na década de 40
ele adaptava para a linguagem dos quadrinhos técnicas de cinema
como
“close-ups”, “long-shots” e “slow-motion”, revolucionando a narrativa
quadrinhística e fazendo com que os leitores se envolvessem mais
com as histórias
que criava. As dificuldades da guerra e as duras
condições de vida da fase de
reconstrução deram a Tezuka uma visão humanista e
universalista, visão esta que
influenciou constantemente suas criações como “Phoenix”,
“Buddha” e “Jumping”.
Adaptando seu estilo dos quadrinhos para o desenho animado, Tezuka
também foi o
pioneiro da animação japonesa, sendo conhecido no
exterior (inclusive no
Brasil) por produções como “Kimba, o Leão Branco”,
“A Princesa e o Cavaleiro” e
“Astroboy”. O estilo
cativante, ágil e
envolvente de Osamu Tezuka influenciou várias
gerações de desenhistas japoneses
e fez com que a expressão MANGÁ se tornasse
sinônimo desse estilo. Também
devido ao trabalho de Tezuka na animação, a
expressão MANGÁ virou sinônimo de
desenhos animados no Japão nos anos 60 e 70. Posteriormente, o
alto grau de
especialização da área de animação
fez com que se adaptasse a expressão ANIMÊ
(do inglês “animation”) para designar desenhos animados japoneses. Assim,
entende-se hoje por
MANGÁ histórias em quadrinhos e desenhos animados feitos
no estilo e na
linguagem desenvolvida pelos japoneses, resultado de um processo
histórico e
cultural iniciado há quase dois séculos. Atualmente o
Japão é o maior produtor
e consumidor de quadrinhos e desenhos animados no mundo, gerando uma
atividade
multibilionária na área de comunicações
além de lucros decorrentes de
licenciamento de uma infinidade de produtos como brinquedos e
videogames e
influenciando autores em vários países. Autora:
Cristiane A. Sato –
23/12/1993 Cristiane A. Sato, formada em direito pela Universidade de São Paulo, pesquisadora de mangá e animê, presidente da ABRADEMI – Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações, colaboradora de publicações sobre cultura popular japonesa, mangá e animê desde 1996. Palestrante convidada em eventos diversos no Centro Cultural Itaú, Sesi, Sesc, FAU-USP, Fundação Japão, Embaixada, Consulado Geral do Japão, etc.
AO USAR
INFORMAÇÕES DESTE SITE, NÃO DEIXE DE MENCIONAR A
FONTE www.culturajaponesa.com.br
– autora: Cristiane A. Sato LEMBRE-SE:
AS INFORMAÇÕES SÃO GRATUÍTAS, MAS ISTO
NÃO LHE DÁ DIREITO DE SE APROPRIAR DELAS. CITANDO
A FONTE, VOCÊ ESTARÁ COLABORANDO PARA QUE MAIS E MELHORES
INFORMAÇÕES SOBRE
DIVERSOS ASSUNTOS SEJAM DISPONIBILIZADOS EM PORTUGUÊS.
|
|