jan 312019
 

Oficialmente, os japoneses se aposentam aos 65 anos de idade. Quem trabalha no Japão, sendo japonês ou estrangeiro, é cadastrado no sistema previdenciário nacional e passa a recolher um valor para o fundo de aposentadoria. Ele é composto de uma pensão nacional (Kokumin Nenkin), que paga um valor anual e igual para todos, e a pensão de bem-estar (Shakai Hoken), que varia de acordo com a renda do indivíduo.

O Kokumin Nenkin é recolhido pela empresa contratante ou indivíduo autônomo, no valor aproximado de 150 dólares por mês. Aos 65 anos, se a pessoa contribuiu durante 40 anos, passará a receber, uma vez por ano, cerca de 7.500 dólares. O valor será menor se o tempo de contribuição for menor.
Para o Shakai Hoken, o valor da contribuição mensal é de cerca de 18% da remuneração atual, sendo metade paga pelo empregador e a outra metade pelo indivíduo. Quando o trabalhador completa 65 anos de idade, passa a receber, além do Kokumin Nenkin, esse benefício como complemento da aposentadoria. Essas pensões são pagas também em caso de invalidez ou falecimento do segurado.

Para quem está aposentado hoje no Japão, que trabalhou a vida toda numa grande empresa, o valor das pensões deve ser suficiente para se viver bem. Mesmo levando-se em conta o aumento do imposto sobre mercadorias (que era de 5%, subiu para 8% e deverá chegar em breve para 10%), que elevou o custo de vida, mas não aumentou a renda dos aposentados, a renda dessa pessoa é considerada muito boa. Esses aposentados vivem bem, e constituem uma boa parcela dos turistas do país, aqueles que vão a estâncias climáticas e visitam cidades históricas. Eles representam mais de 43% de todos os turistas japoneses.

Os japoneses calculam que, após o fim da bolha econômica, nos anos 1990, os empregos vitalícios ficaram cada vez mais raros, e só uma parcela da população conseguiu recolher valores elevados para o fundo de aposentadoria, ou fez investimentos que hoje proporcionam renda.
Ou seja, muitos dos que esperam conseguir aposentadoria nos próximos anos deverão se contentar com uma renda baixa se comparada com a geração dos seus pais.

Mais de 90% das pessoas concluem o curso colegial e mais de 40% concluem o curso superior entre os japoneses. Mesmo esses mais estudados não podem ter certeza se estarão empregados num futuro próximo. Isso faz com que muitos jovens não mais procurem um emprego fixo. Preferem fazer trabalhos temporários, num restaurante, por exemplo, recebendo por hora e sem terem um compromisso com a empresa. Largam o trabalho para viajar, e quando voltam procuram outro serviço. Assim consegue-se viver hoje, mas como não contribuem para o sistema previdenciário, não terão nenhuma assistência e nem uma aposentadoria.

Outro grande problema é a diminuição da população jovem. Com os custos elevados da educação, muitos casais preferem não ter filhos ou se contentam em ter apenas um. Isso faz com que a pirâmide social fique invertida, inviabilizando a própria previdência, se medidas radicais não forem tomadas. Em 2012,  população com mais de 65 anos era de 30,3 milhões de pessoas, ou seja, 24,2% do total da população. Já a população de 0 a 29 anos de idade representava 34,7 milhões de pessoas, ou 27,5% do total. Se mantido o atual ritmo, o Japão terá em 2050, 50% da população ativa e 50% inativa.

Para melhorar essa difícil conta, o governo japonês vem tomando, desde 2000, uma série de medidas que achataram o valor dos novos benefícios e aumentaram o valor dos recolhimentos. Outra grande mudança foi na idade para se aposentar, que foi elevada de 60 para 65 anos.

A existência de tantos idosos requer estruturas próprias e serviços de apoio no caso deles viverem separados dos filhos ou netos. Na tentativa de tratar a necessidade de assistência dessas pessoas, em 1997 a Assembleia Legislativa do Japão (Dieta) aprovou a Lei sobre Seguro Assistencial de Longo Prazo, que levou à criação do sistema de seguro assistência ao idoso em 2000. Esse sistema recolhe contribuições previdenciárias obrigatórias de uma ampla parcela da população (todas as pessoas com 40 anos ou mais) e fornece serviços como atendimento em domicílio a idosos, visitas a centros de assistência, ou permanências de longo prazo em casas de repouso para pessoas que sofrem de demência senil ou estão confinadas à cama por motivos de saúde.

A necessidade de se recorrer a esses serviços deve ser certificada pelos escritórios das cidades, municípios e povoados responsáveis por administrar o sistema de seguro assistência para idosos. O financiamento do sistema de seguro de assistência ao idoso do Japão conta com fundos dos governos nacional (25%), local (12,5%), distrital (12,5%), e das contribuições previdenciárias (50%).

Assistência Médica não é gratuita

Em 2009, as despesas com os idosos representavam um terço do total gasto pelo governo em assistência médica. Os gastos com pessoas com 75 anos ou mais, em média, são cinco vezes mais elevados do que com os adultos com menos de 65 anos. Todos os cidadãos japoneses estão inscritos no sistema nacional de saúde e têm direito ao “sistema de acesso livre”, que permite aos pacientes escolher os locais de atendimento de sua preferência.

Nesses hospitais, clínicas, laboratórios, consultórios médicos e dentários, o segurado deverá pagar sempre uma parte do seu tratamento. Aqueles com 75 anos ou mais devem pagar apenas 10% do total gasto, ficando o restante a cargo da seguridade social. Quem tem entre 70 e 74 anos contribui com 20%, e aqueles com até 69 anos de idade devem pagar 30% do valor gasto. Quem, apesar de estar aposentado, tiver uma receita comparável a uma pessoa ativa, deverá contribuir com 30% da despesa, como um trabalhador normal. A aquisição de remédios indicados pelos médicos também entram nessa conta, e os beneficiários pagam apenas uma parcela dos custos dos remédios, seguindo a mesma proporção do restante do tratamento. No caso de medicamentos considerados extremamente caros, o governo arca com a totalidade do seu preço.

Evidentemente, o governo precisa desembolsar uma parte dos custos médicos do seu orçamento anual, porque o valor recolhido dos contribuintes não é suficiente para pagar todas as despesas. E se discute se o governo deveria mesmo continuar pagando os remédios caríssimos, já que esses só beneficiam uma minoria. Entretanto, o sistema tem funcionado a contento, oferecendo bons serviços a custos relativamente baixos. Levantamentos recentes indicam que o custo médico do japonês é em média a metade do norte-americano.

A qualidade da assistência médica contribui para a longevidade. Levantamentos mostram que a população do mundo vivia bem menos na década de 1950. Estatísticas dão conta que a média era de apenas 48 anos de idade. O índice é baixo porque a mortalidade infantil era elevada. Em 2010, graças ao avanço da medicina, essa média mundial havia subido para 67,2 anos.

A expectativa de vida do japonês é a mais altoa do mundo, segundo a World Health Organization, num levantamento entre 183 países realizado em 2015. As mulheres devem viver em média até 86,8 anos e os homens até 80,5 anos no Japão. A população idosa é maior nas áreas rurais, pois os jovens saem para estudar e trabalhar nas cidades maiores. Hoje, nos arrozais que encontramos em todo o Japão, é comum avistar apenas idosos cuidando da plantação. Os equipamentos facilitam, e aqueles que se encontram com mais saúde não se importam com o trabalho na roça, já que estão acostumados.
O Brasil figura no 67º lugar dessa lista internacional, com expectativa média de 78,7 anos para as mulheres e de 71,4 nos para os homens. O último lugar da lista é ocupado por Serra Leoa, país africano de quase 6 milhões de habitantes. Lá, a mulher espera  viver 50,8 anos e o homem apenas 49,3 anos.

Um novo conceito em condomínio de idosos: Share Kanazawa

Autor: Francisco Noriyuki Sato / NSP Editora – escrito em Julho/2016.

jan 252019
 

Uma sala de aula somente com estudantes estrangeiros na Universidade de Kanazawa © NSP Editora

Boas e disputadas universidades. Mas isso não é mais garantia de um bom emprego.

Apesar de toda essa pressão sobre o aluno, o nível geral das universidades japonesas está caindo na média internacional. O levantamento “World University Rankings” lista as 980 melhores universidades do mundo. Até 2014, a Universidade de Tóquio se manteve em 23º lugar, sendo considerada a melhor da Ásia. Em 2016, a mesma universidade despencou para a 39ª colocação, sendo superada pela Universidade Nacional de Cingapura e duas chinesas.

Outras universidades japonesas aparecem em posições inferiores e, mesmo assim, estão bem. Basta comparar com a Universidade de São Paulo, que com mais de 80 mil estudantes, é a melhor posicionada na América Latina. A USP está entre a colocação 251 e 300, na lista liderada pela inglesa Oxford.

No país onde o ensino é levado a sério, críticos afirmam que, apesar dos rigorosos exames para se entrar numa universidade japonesa, depois de aprovados os alunos se sentem no paraíso. Ou seja, falta um exame rigoroso para diplomar os universitários e por isso, estudando ou não, todos serão aprovados. Mais uma vez, na área de exatas, onde há experiências em laboratório e atividades experimentais, os alunos tendem a se esforçar mais. Os universitários japoneses, embora sejam os campeões em matemática e ciências exatas, não apresentam bons resultados nas áreas de humanas e linguística, se comparados com os de outros países desenvolvidos. Além disso, estudiosos do exterior afirmam que o sistema de ensino japonês não desenvolve o espírito crítico dos estudantes. Talvez isso nem fosse necessário numa época de economia estável.

Sem uniforme e com horários mais flexíveis, as universidades parecem ideais para incentivar a criatividade. Entretanto, as aulas costumam ser expositivas © NSP Editora

Até o final da bolha econômica, por volta do final dos anos 90, todos os universitários tinham certeza de conseguir emprego. As grandes empresas contratavam os alunos das melhores universidades antes mesmo de se formarem. Não importava a área de formação. A partir do momento em que eram contratados, recebiam treinamento e ocupavam uma função, faziam carreira e ficavam na mesma empresa até se aposentarem. Hoje tudo mudou, muitos com formação superior não chegam a ter o primeiro emprego, e assim, sobrevivem às custas de trabalhos temporários, que são relativamente bem remunerados.

Embora todos os japoneses continuem investindo alto na educação formal de seus filhos, o resultado final não tem sido animador para os recém-formados.

Por outro lado, na última década, as universidades japonesas têm investido em trazer alunos estrangeiros para suas salas. Fenômeno da globalização? Na verdade não. É que a população japonesa vem diminuindo num ritmo acelerado e isso reflete também no número de alunos matriculados. As vagas que sobram são preenchidas pelos estrangeiros. Como existe a barreira do idioma, as universidades aceitam alunos com domínio do inglês e com um nível razoável de comunicação em japonês. Há aulas intensivas de japonês especialmente para esses alunos poderem acompanhar as aulas.

Felizmente, o Japão tem sido atraente para muitos estudantes estrangeiros. Hoje, em certas universidades, 20% dos alunos não são japoneses.

Autor: Francisco Noriyuki Sato

Leia os textos anteriores:
O sistema de ensino que forma um país desenvolvido – 1
O custo do ensino no Japão hoje – 2

Conhecendo uma escola colegial japonesa
Conhecendo uma outra escola colegial japonesa

jan 242019
 

O custo alto do ensino faz com que os pais tenham menos filhos

A tradicional indústria Kanko, que existe desde 1854, e é especializada em fabricar uniformes escolares, apresenta sua coleção: Casaco de malha, camisa branca, saia e o sapato totalizam US$ 320 © Kanko

Há muitos anos, é obrigação de todos os cidadãos cursarem o ensino primário, de seis anos, e o ginasial, de três, totalizando nove anos de ensino obrigatório. Esse ensino é gratuito nas escolas públicas, onde também recebe os livros escolares. Mas as despesas com refeições, transporte, atividades extra-curriculares, como judô, excursões e uniforme, são pagas pelos pais. E não é barato. Em uma escola primária pública, se paga em média US$ 850 no ato da matrícula (só uma vez em seis anos), mais os gastos que somam US$ 2,5 mil por ano. Continuando na escola pública, nos três anos seguintes, a matrícula será também de US$ 850, mas os gastos anuais sobem para US$ 3.750. Se a opção for por uma escola particular, o custo será de US$ 2,5 mil de matrícula e mais US$ 10 mil anuais nos seis anos do primário e também nos três anos do secundário básico (ginasial).

A malinha de couro, conhecida como “randoseru”, pode custar US$ 1,4 mil dependendo da marca. As aulas começam em abril, mas os modelos de US$ 600 já estavam esgotados em dezembro

O custo não muda muito no nível colegial: US$ 1,6 mil de matrícula (só uma vez para os três anos) e gasto anual de cerca de US$ 4,2 mil em escola pública e US$ 3,3 mil de matrícula e US$ 8,7 mil por ano na escola privada. O curso colegial, embora não seja obrigatório, é concluído por 98% da população, o que deve ser a taxa mais elevada do mundo.

Já o aluno que frequenta uma universidade pública nacional precisa desembolsar cerca de US$ 2,5 mil de matrícula (uma vez apenas) e US$ 4,2 mil  por ano, independente do curso escolhido. Em uma universidade privada, esse custo será bem maior. Cerca de US$ 2,5 mil de matrícula e US$ 7,5 mil por ano, se optar pela área de Humanas. Na área de Exatas, o custo é maior: US$ 9,2 mil de matrícula e US$ 10 mil por ano. Na área de medicina, o custo é ainda maior: US$ 16 mil de matrícula e US$ 31 mil por ano. O curso de medicina ainda tem a desvantagem de ser mais longa, com seis anos para se formar.

Uniformes com grife são evidentemente mais caros. Esse blazer tem a assinatura Elle e custa US$ 200. A saia da mesma marca custa US$140 © Elle

Com isso, é possível entender a pressão dos estudantes em alcançar uma universidade pública. Como a concorrência é muito grande, é necessário estudar muito, frequentando cursos de reforço fora do horário escolar. E isso também custa caro, em geral, de US$ 350 a US$ 500 por mês. Calcula-se que metade dos estudantes do segundo ano colegial esteja frequentando esses cursos de reforço. Há cursos preparatórios para entrar no ginásio e também para o colégio. Bons ginásios e colégios preparam melhor o aluno para os exames vestibulares, acreditam os pais.

Os pais começam a economizar desde o nascimento do filho, para ter uma disponibilidade financeira para pagar as escolas. Na época da bolha econômica, isso parece não ter sido um problema, mas hoje, eles encontram dificuldades. Isso também explica porque os pais não querem ter filhos. Assim, apesar da longevidade dos idosos, a população japonesa diminuiu quase 2 milhões em apenas nove anos.

Autor: Francisco Noriyuki Sato

Leia também:

O sistema de ensino que forma um país desenvolvido – 1

O ranking do Japão entre as universidades do mundo – 3

jan 232019
 

Mesmo num passeio no final de semana, sendo uma atividade promovida pela escola, o uso do uniforme é obrigatório © Rage Z

Considerado um dos melhores do mundo, o sistema educacional japonês sofre rigorosas críticas dentro de seu próprio país. Mas é inegável que, mesmo sem ser perfeito, sempre atendeu as necessidades de seu povo, que é obcecado em querer que seus filhos estudem, elegendo a educação como prioridade da família.

O sistema de ensino nos padrões ocidentais adotado no Japão tem menos de 150 anos. Antes disso, porém, já havia o ensino que ficava por conta dos “terakoyá”, escolas de templos budistas, e “juku”, cursos particulares. O primeiro ensinava a ler, a escrever, e o ábaco (soroban), além de ensinamentos budistas. O “juku”, em geral, ensinava a ler e a escrever, mas se dedicava a outras matérias, como geografia, matemática, etiqueta e conhecimentos gerais.

Havia também “juku” especializado em cursos práticos para o trabalho, algo parecido com a escola técnica. Conta-se que em 1867 haviam 75 mil “terakoya” e 6,5 mil “juku” registrados no país, o que demonstra o grande interesse pelos estudos, mesmo em uma época em que o transporte era precário. Cinco anos depois, foi adotado o ensino no estilo francês e as principais universidades foram criadas a partir dessa data, como a Universidade de Tóquio, construída em 1877.

É interessante notar que a preocupação do país era de se equiparar às potências internacionais, pois ficara mais de dois séculos sem contato com o exterior, que já alavancava o progresso com máquinas a vapor e trens. O Japão precisava alcançar o desenvolvimento tecnológico do Ocidente e, por isso, renomados professores foram trazidos do exterior para as faculdades. Nessa época valorizou-se o ensino de engenharia, química, física e medicina, fato que se reflete até hoje. O Japão tem 26 laureados com o Prêmio Nobel, e dentre esses, 23 venceram nessas matérias.

As crianças vão sempre a pé para suas escolas e sem os pais © John Gillespie

O funcionamento da escola

Crianças entre 3 anos completos e 6 anos podem frequentar o jardim da infância. Aos 6 anos podem ingressar no ensino básico, de seis anos. Depois, o ensino intermediário, de três anos, que corresponde ao antigo curso ginasial no Brasil. Os ensinos básico e o intermediário são obrigatórios para o japonês. Se alguma criança com menos de 15 anos estiver na rua no horário das aulas, cabe ao policial perguntar o motivo e procurar seus pais. Dos 15 aos 18 anos, estarão frequentando o ensino médio, que pode ser normal ou profissionalizante.

O ano letivo no Japão começa no início de abril. No ensino básico, as salas têm de 30 a 40 alunos. Nos dias de semana, as aulas normalmente começam às 8h30 e terminam às 15h50. No primário, as aulas duram 45 minutos, com uma pausa de 10 minutos entre uma aula e outra. A partir do ginásio, elas duram 50 minutos. Oficialmente há 35 semanas de aula por ano.

Há nove matérias regulares no ensino básico japonês: língua japonesa, estudos sociais, matemática, ciência, estudos ambientais, música, arte e artesanato, conhecimentos domésticos, educação física e economia doméstica. Nessa última, os alunos aprendem a cozinhar coisas simples e fazer algumas costuras. A maioria das escolas ministra aulas de inglês, shodô (caligrafia) e haiku (poesia curta).

Apesar do ensino seguir o mesmo padrão em todo o território japonês, há algumas pequenas variações. No colégio Nisui, como praticamente em todas as outras, as aulas começam às 8h30 e continuam até 16h30. Depois, começam as atividades chamadas de “club”, que são as extracurriculares, como as esportivas de tênis, beisebol, badminton, equitação e tênis de mesa, e culturais, como culinária, jornalismo, shodô e coral. Essas atividades duram duas horas em média.

Para se ingressar nas melhores universidades é preciso fazer o curso preparatório, que vai das 19 às 22 horas, diariamente. Tempo para jogar game, assistir animê e entrar no Facebook? Muito pouco, pois os jovens precisam fazer as lições de casa. “Vocês assistem animê?”, perguntou uma estudante inglesa fazendo intercâmbio no Japão a uma colega japonesa. “Eu assistia quando era criança, mas não tenho mais tempo”, respondeu a menina de 15 anos. Nos finais de semana também há atividades dentro da escola e fora dela, por isso é comum ver estudantes uniformizados nas ruas, mesmo aos domingos.

Ocorreram algumas reformas de ensino nas últimas décadas e em 2002 aconteceu uma mudança maior, que resultou na eliminação das aulas aos sábados (até 1990, o aluno japonês tinha 240 dias letivos, contra 180 dos americanos), para diminuir a pressão sobre os estudantes do colegial. Uma matéria nova foi introduzida no 2° e no 3° anos. É o “Sogo”, que pode ser traduzido como “estudos integrados”. Aqui, o assunto depende do interesse de cada um, e não tem a ver com as matérias exigidas nos exames vestibulares, mas são e serão importantes na vida de todos. Exemplos: meio-ambiente, globalização e tecnologia da informação. Algo semelhante está para ser introduzido também no Brasil.

As próprias crianças servem o almoço © Anabelle Orozco

Todo o mundo já deve ter visto um vídeo onde as crianças limpam a escola. De fato, desde cedo elas aprendem a manter as salas limpas e a tarefa continua até o final do ensino médio. Na verdade, não há muita sujeira para limpar. As crianças e também os funcionários e professores guardam seus sapatos no armário logo na entrada e vão para as salas com um calçado que é usado somente dentro da escola. A limpeza é feita por revezamento entre os alunos, que levam menos de 15 minutos para a tarefa. Eles consideram a limpeza um fato natural. Já que utilizam o local, consideram óbvio limpar e deixar o ambiente pronto para a próxima aula ou turma. Antes deles, os seus pais e avós também fizeram o mesmo.

Outro fato que chama a atenção é o almoço servido pelos próprios alunos. Uma funcionária traz o carrinho com a comida da cozinha e as crianças já se posicionam para servir os colegas. Cada uma delas já sabe onde, o que e como deverá servir. No final da refeição, a arrumação do local também é feita pelos alunos. No caso de escolas com poucos alunos, cada um traz a sua marmita (obentô) e ela é saboreada na sua própria carteira.

Sabe-se que de todos esses estudantes colegiais, cerca de 53% irão disputar vagas em 220 faculdades públicas e 500 particulares. E outros 18% irão para escolas especializadas ou faculdades de curta duração (de dois anos).

Outra função da escola

Sendo um país que coleciona desastres naturais, há uma grande preocupação de todos no Japão quanto à segurança. A direção das escolas recomenda que todos os alunos optem por estudar próximos das suas casas, principalmente no ensino básico. Isso porque a escola rapidamente é transformada em local de refúgio em caso de desastres naturais. No caso da região ficar inundada e sem os transportes públicos, todos saberão onde procurar seus familiares.

Sendo a escola pública ou particular, a maioria vai a pé ou de bicicleta. Crianças maiores poderão ir de trem ou metrô, pois a distância pode aumentar pela opção por melhores escolas. Mesmo assim, ninguém leva o filho em carro particular ou perua contratada. As crianças menores vão juntas, sendo que a que mora mais longe passa na casa das colegas. Há um traçado para ir à escola, e fazem sempre o mesmo trajeto.

Autor: Francisco Noriyuki Sato – jornalista e editor

Veja a continuação:

O custo do ensino no Japão hoje – 2

O Japão no ranking das universidades do mundo – 3

Conhecendo uma escola colegial japonesa

Conhecendo uma outra escola colegial japonesa

jan 222019
 

   Os números impressionam nos Jogos Olímpicos de Tóquio, que será o 32º jogos de verão da moderna olimpíada, que começou em Atenas, em 1896. 14.737 atletas de 204 países disputarão 33 modalidades esportivas, nas olimpíadas e paraolimpíadas, ocupando 43 instalações. Os números são incomparáveis com os 18º Jogos sediados por Tóquio, em 1964, quando participaram 5.151 atletas de 93 países, competindo em 21 modalidades.

© Cesar I Martins

Desde a década de 1980, os números cresceram, com a inclusão de novos países que surgiram com a divisão da antiga União Soviética e de países que passaram a praticar as modalidades olímpicas mais divulgadas pela mídia. O número de modalidades também aumentou. Rio de Janeiro, que sediou os Jogos de 2016, contabilizou 15.580 atletas de 207 países, ou seja, mais do que Tóquio espera daqui a dois anos. A causa dessa diminuição pode ser atribuída à crise econômica a nível global, que causa um menor interesse dos patrocinadores para as delegações, e também a instabilidade social em algumas regiões.

Caríssimos Jogos Olímpicos

Os custos e benefícios de um megaevento como os Jogos Olímpicos são sempre uma incógnita. Independente das acusações de corrupção e de falta de transparência, que assola esse meio a nível internacional, as variáveis são muitas porque existe a particularidade de cada localidade. As caríssimas obras poderão ter utilidade depois dos Jogos e trazer renda, ou então, como ocorre com a maioria das instalações, trazer mais despesas.

O Comitê Olímpico de Tóquio anunciou, em janeiro deste ano, a previsão orçamentária de 12,6 bilhões de dólares para os Jogos de Tóquio, mas a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, avisou que a cidade deverá gastar mais 7,5 bilhões de dólares para sua realização, ou seja, o custo total deverá superar a casa dos 20 bilhões. Número assustador, se comparar com os jogos de 1964, quando Tóquio gastou o equivalente a 282 milhões de dólares. Naquela época, esses eventos custavam bem menos. Os atletas em geral eram amadores e as instalações eram simples. O Comitê de Tóquio e o Comitê Internacional (IOC) discutem a necessidade de se cortar os custos, que atormentaram as últimas olimpíadas e estão afastando as possíveis cidades candidatas aos próximos jogos.

Skate entre as novas modalidades introduzidas nos Jogos © Dan Allen

O fator custo preocupa o IOC, porque pode comprometer a própria continuidade dos Jogos. Os custos médios das Olimpíadas mais que quadriplicaram nos últimos oito anos. Por isso, a queda de cidades interessadas é dramática. Em 2008, dez cidades participaram da disputa vencida por Beijing. Quatro anos depois, Londres teve que disputar com oito cidades. O Rio, para 2016, disputou com seis. E para os Jogos de 2020, apenas três cidades se candidataram: Tóquio, Madrid e Istambul. Para a concorrência de 2024, aberta em 2015, surgiram cinco cidades interessadas, entretanto, Hamburgo, Roma e Budapeste se retiraram da disputa, restando apenas Paris e Los Angeles. Para evitar que a situação fique pior, o IOC escolheu Paris para 2024 e já acertou com Los Angeles os Jogos de 2028, que, portanto ficou sem concorrência. O aumento dos custos ocorre também com os Jogos Olímpicos de Inverno. Sochi, na Rússia, investiu 50 bilhões de dólares, o recorde de todos os tempos, superando Beijing em 2008, com 40 bilhões.

Todos falam do Rio 2016 como sinônimo de superfaturamento. Mas na prática, oficialmente foram gastos perto de 11 bilhões de dólares, número que os especialistas em eventos esportivos internacionais não concordam e atribuem um custo total real de 20 bilhões de dólares, uma vez que há custos que não figuraram no orçamento. Mesmo assim é uma pechincha, se comparado com Beijing e Sochi. O que foi decepcionante, no caso do Rio, foi a falta de retorno do investimento. O retorno em turismo, por exemplo, foi um grande fiasco. Embora a prefeitura do Rio de Janeiro avalie como um “enorme sucesso” o evento esportivo sediado pela cidade, com a vinda, segundo a mesma, de 1,17 milhão de turistas ao Rio por conta dos Jogos, apenas 410 mil eram estrangeiros, com gasto médio de R$ 424,62 por dia. Os 760 mil brasileiros tiveram um gasto médio de R$ 310,42 por dia. Somando tudo, o resultado bruto é irrisório, de menos de 130 milhões de dólares por dia.

No Brasil todo, no ano dos Jogos Olímpicos, o Brasil registrou a chegada de 6,546 milhões de turistas estrangeiros. Em 2014, quando o Brasil sediou a Copa do Mundo de Futebol, vieram menos ainda: 6,429 milhões. Sem nenhum investimento atraente, o Brasil, no ano passado, recebeu 6,588 milhões de estrangeiros, ou seja, mais do que nos anos dos eventos esportivos, que em nada melhoraram o desempenho do país no setor turístico. No último ano, os argentinos representaram quase 40% de todos os estrangeiros.

Prova de BMX Freestyle para atrair o público jovem © Stig Nygoard

No caso de Tóquio, a expectativa de público é maior, porque, a exemplo de outras metrópoles mundiais, o número de turistas estrangeiros vem crescendo a cada ano. Em 2017, sem realizar nenhum evento de porte internacional, o Japão registrou 28,69 milhões de turistas de fora (destes, quase 40% são chineses). Em 2016, o país havia recebido 24 milhões e, para se ter uma ideia do crescimento do Japão como destino turístico, basta lembrar que ele tinha apenas 8,61 milhões de turistas estrangeiros em 2010, e o número diminuiu ainda mais no ano seguinte por conta do terremoto e do tsunami na região Nordeste, chegando a 6,218 milhões naquele ano (quase o mesmo do Brasil). Reconstruindo e se recuperando rapidamente da tragédia, o país passou a ser o destino preferido de muitos turistas, por ser considerado um local extremamente seguro, se comparado com outras metrópoles mundiais. Apenas para comparar, o Brasil, em 2011, recebeu 5,433 milhões de estrangeiros e evoluiu pouco de lá para cá. Para 2020, ano dos Jogos de Tóquio, o Japão espera receber 40 milhões de estrangeiros.

Mesmo que esse número se confirme, os especialistas calculam que dificilmente o evento trará um resultado positivo. Argumentam que, mesmo tendo menores gastos no passado, muitas das cidades que sediaram os Jogos sofreram para equilibrar sua economia. Caso de Montreal, no Canadá, que sediou o evento em 1976. Embora considerado um bom e seguro evento, a cidade contraiu uma dívida de dois bilhões de dólares americanos, que só foi quitado totalmente 40 anos depois. Além disso, naquele ano, Canadá acabou não conquistando nenhuma medalha de ouro. Roma, que inicialmente havia se candidatado aos Jogos de 2024, retirou seu nome porque a prefeita Virginia Raggi argumentou que a cidade não tinha estrutura para isso e que ainda sofre por conta dos jogos que sediou em 1960. Muitos economistas atribuem a atual crise econômica da Grécia aos jogos que sua capital Atenas sediou em 2004. Afinal, amargar um prejuízo de 14,5 bilhões de dólares para uma economia pequena é ainda mais difícil.

No caso do Rio, além dos gastos em construções, parte dos quais não terá mais utilidade, há que se considerar o prejuízo pelos dias parados por causa das competições. Houve quatro feriados decretados no Rio, além de engarrafamentos no trânsito, os quais levaram à diminuição da atividade econômica e, portanto, ao recolhimento menor do ICMS e do IPI. Quem se beneficiou foram os hotéis e restaurantes, que recolhem ISS. A Comissão Olímpica de Tóquio também estuda a possibilidade de decretar feriados, ou meio-expediente, principalmente no dia da abertura. É que a cidade de Tóquio já é congestionada em dias normais, e o problema pode se agravar pelo fato das competições ocorrerem em pleno verão, quando a temperatura pode ultrapassar os 35°C. Por conta disso, em 1964, o evento foi realizado em outubro.

Quem paga a conta?

Para o Rio 2016, as autoridades brasileiras calcularam que 50% de todo o montante seria pago pela iniciativa privada e o restante pelos governos municipal, estadual e federal. Com o valor captado em patrocínios, o comitê gestor do Rio 2016 deveria arcar com todos os custos do evento em si, mas a parte da segurança das arenas e até o fornecimento de energia elétrica foram repassadas ao governo federal. Além disso, o comitê obteve ajuda federal para pagar as despesas das cerimônias de abertura e de encerramento, e ainda conseguiu financiamento do governo federal através do BNDES.

O governo estadual, que chegou a deixar de pagar salários de funcionários e decretou estado de calamidade pública por causa da crise econômica, um pouco antes do início dos Jogos, em 2016, recebeu R$ 2,9 bilhões como doação do governo federal às vésperas do evento. Especialistas de agências de classificação de risco afirmavam na época, que qualquer crescimento econômico em função de um evento que dura apenas duas semanas seriam apenas uma solução temporária. Sem reformas na previdência e redução de custos com folha de pagamento do funcionalismo público, o Estado precisaria de mais ajuda do governo federal. E foi exatamente o que ocorreu.

No Japão, os principais patrocinadores estão definidos, mas nota-se a falta de muitas empresas japonesas que investiam em eventos internacionais no passado. Mesmo na Copa do Mundo de Futebol deste ano na Rússia, não se viu companhias japonesas dentre as principais, sendo que da Ásia participaram a coreana Samsung e a chinesa Wanda, demonstrando que Japão não vive bons momentos. Dentre os 13 patrocinadores globais do Comitê Olímpico Internacional, estão a Toyota, Panasonic e Bridgestone, que já estavam no Rio 2016.

Integração entre voluntários no Rio 2016 © Filipe Prevot

A estrutura dos Jogos de Tóquio 2020

Das 43 localidades escolhidas para as competições, 25 já existem e estão sendo adaptadas, 10 serão temporários e oito são as novas instalações permanentes. Dentre as existentes, algumas foram utilizadas em 1964. Caso do Estádio Olímpico, do Nippon Budokan, e do Ginásio Nacional de Yoyogi. Esses nunca deixaram de ser utilizados até hoje. O mesmo não pode ser dito da Vila dos Atletas, a qual foi elogiada em 1964 pelo jornal New York Times: “A transformação do antigo quarteirão da base militar americana em alojamento dos atletas não alterou substancialmente a aparência de um subúrbio americano. Os atletas de outros países que vierem ao Japão encontrarão uma vila bem parecida com o subúrbio americano. A principal diferença é que a nova geladeira, máquinas de lavar, televisores e outros eletrodomésticos estampam marcas japonesas ao invés das americanas, mas o design é americano. As 249 casas que foram construídas para militares americanos e suas famílias e os 14 prédios de blocos que já foram quartos de solteiro e residências para mulheres solteiras empregadas pelas Forças Armadas dos Estados Unidos abrigarão mais de 8.000 atletas e autoridades de 98 nações”. O local antes ocupado pela Vila dos Atletas é hoje o Parque Yoyogi, uma área verde, cercado pelos sofisticados bairros comerciais de Shinjuku, Harajuku e Shibuya.

Embora o evento tenha o nome de Jogos Olímpicos de Tóquio, das 43 localidades, apenas 20 ficam perto da Baía de Tóquio. Cidades próximas, como Saitama e Yokohama, dividem as modalidades, mas as competições de futebol e beisebol, que costumam ter um público grande, foram deslocadas também para Miyagi, Ibaraki e Fukushima, esses para ajudar na crise que começou com o terremoto seguido de tsunami, de 2011. A comissão definiu ainda Sapporo, em Hokkaido, a 832 km de Tóquio, como sede de algumas partidas. É claro que todos esses deslocamentos aumentam os custos das competições, mas é uma forma de desafogar Tóquio e distribuir um pouco os turistas pelo país. Nos Jogos de 1964, apenas Karuisawa, em Nagano, se destacou pela distância em relação a Tóquio. E Karuizawa e Tóquio estão a apenas 170 km de distância.

Pressão extrema para os preparativos

A demora na escolha dos locais para os jogos e a aprovação dos orçamentos causaram, evidentemente, atraso nas obras. Isso pode ser comum em outros países, mas não no Japão, onde os cronogramas costumam ser rigorosamente respeitados. Com isso, quem sofre são os funcionários das construtoras. Um deles, de apenas 23 anos, que trabalhava nas obras do principal estádio, cometeu suicídio em março de 2017, depois de ter feito 190 horas extras em um mês. O Japão possui até uma palavra específica para mortes por excesso de trabalho: karoushi. Qualquer morte causada por fazer mais de 80 horas extras em um mês é considerado karoushi. E isso já ocorreu também em agências de propaganda e outras empresas onde se trabalha muito acima do normal. Mas nessas obras estruturais das olimpíadas, estima-se que haja 18 empresas cujos empregados ultrapassam o limite legal de 80 horas.

A parte esportiva

As novidades para os Jogos de Tóquio ficaram por conta da introdução das modalidades mais praticadas no Japão. A exemplo do judô, que começou a ser disputado em Tóquio, em 1964, beisebol, softbol e karatê estarão entre as competições de 2020. Além disso, visando atingir o público mais jovem, as modalidades de skate, surfe e escalada esportiva entrarão na competição. Outros esportes que buscam esse público são o basquete “3 on 3” e o “BMX freestyle” (manobras radicais com bicicleta).

Outra novidade são as categorias mistas. Homens e mulheres competirão conjuntamente no revezamento 4 x 400 metros e nos 4 x 100 metros em estilo livre nas piscinas, além de times mistos no triatlo. Haverá também equipes mistas de judô, tiro com arco e tênis de mesa.

A tendência é incluir modalidades que atraiam mais jovens e também mulheres.

Mascotes para 2020. 2042 pessoas e grupos inscreveram suas propostas e a votação foi feita em 16.769 escolas, com a participação de 205.755 salas, após um debate entre os alunos de cada sala coordenados pelo professor. A sugestão acima obteve 50% dos votos.

A captação de voluntários

Para Tokyo 2020, é esperada a participação de 80 mil voluntários convocados pelo comitê organizador e mais 30 mil solicitados pelo governo de Tóquio.  Há inúmeras funções para os voluntários, mas basicamente prestarão os seguintes serviços:

Pelo Comitê: Voluntários para atendimento ao público, suporte aos locais de competição e suporte aos jornalistas internacionais.

Por Tóquio: Atendimento aos turistas, orientação de transporte e locomoção dos visitantes aos locais da competição e suporte ao site de transmissão ao vivo dos jogos.

Em ambos os casos não há idade máxima (mínimo 18 anos em abril de 2020), bastando que a pessoa tenha boa saúde, e pode ser de qualquer nacionalidade e sexo. O participante precisa necessariamente dispor de pelo menos 10 dias para colaborar.

Período de inscrição: ia de setembro a dezembro de 2018 pelo site: https://tokyo2020.org/en/. Há possibilidade de se abrir novo período de inscrição para atividades específicas.

No Rio 2016, 70% dos voluntários inscritos não compareceram nos locais de trabalho e foi necessário arrumar “voluntários remunerados”.

autor: Francisco Noriyuki Sato – publicado em julho/2018

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