Jardim japonês

 

A Essência do Design do Jardim Japonês

(Por Shunmyo Masuno)

1 – Vazios

Um jardim japonês é desenhado com uma serena atenção ao equilíbrio e à proporção. Uma enorme importância é dada não somente para a forma dos elementos colocados nele, mas também para seus efeitos no espaço ao redor e no ambiente como um todo. Com freqüência, um jardim japonês tem espaços vazios, partes destituídas de qualquer coisa. Tais vazios são extremamente importantes; o designer os usa para comunicar o que ele ou ela quer dizer. Eles são uma manifestação do espírito do designer.

2 – Auto-expressão

Os jardins japoneses exigem mais que mero design atraente. Preenchidos com espiritualidade, são considerados expressões palpáveis do interior do designer do jardim. Há dois aspectos para essa auto-expressão: a expressão da individualidade e da história pessoal de alguém e a expressão do sentimento de “seja bem-vindo” para os convidados de um jardim.

3 – União

Todos os componentes de um jardim japonês – sejam pedras, árvores ou arbustos – são escolhidos para complementar um ao outro e a cada um é assinalada uma posição que irá destacar suas melhores características, próprias e dos outros componentes. Não há hierarquia. O mesmo ocorre com a relação entre as construções e o jardim, e também as pessoas e o jardim. As construções são consideradas parte do jardim e, da mesma maneira, também os seres humanos são vistos como parte integrante da natureza e do jardim. O jardim surge de uma relação simbiótica, na qual tudo serve para exteriorizar o melhor de cada um.

4 – Impermanência

Ao longo de sua história, os japoneses encontraram beleza no mutável, no transitório. Tudo muda e passa: o tempo, as estações, a luz e a sombra. Até os reflexos sobre a superfície de um lago estão constantemente se alterando. O mesmo se aplica aos humanos, que também desaparecem no devido tempo. O jardim japonês é um lugar para os observadores se cercarem com a natureza e contemplar a impermanência das coisas e o significado da vida.

5 – Respeito

O zen toma o ponto de vista que não somente as pessoas, mas também plantas, montanhas, rios e rochas são a natureza de Buda (uma pureza inata e indestrutível). Por isso, ao desenhar um jardim é importante prestar atenção meticulosa a cada componente, manipulando-o de modo que respeite a preciosidade de sua vida. Não se deve iniciar a tarefa com a atitude de “fazer” um jardim, ao invés disso, se deve ser grato pela oportunidade de permitir que cada elemento se expresse.

Shunmyo Masuno

Nascido em 1953, Masuno graduou-se em Agronomia na Escola de Agricultura de Tamagava (T.U.C.A) e foi aprendiz do renomado paisagista Katsuo Saito. Em 1982, após seu treinamento no mosteiro sede da escola Soto Zen, Sojiji, fundou a Japan Lanscape Consultants (JLC) e foi eleito professor do Departamento de Design na Tama Art University em 1998.
Entre seus muitos prêmios e condecorações, estão o M.E.A.N.A. (Premio do Ministério da Educação do Japão) em 1999 e a F.M.C. (Menção do Ministério do Exterior) em 2003.

Colaboração: Monge Enjo Stahel – Templo Taikanji – Engenheiro e paisagista especializado em jardim japonês e em construções tradicionais de tsuchikabe, discípulo de Shunmyo Masuno.

http://www.zengarden.com.br

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