Memoriais / Missas de Falecimento

 

Na origem o correto ritual budista era a realização de cerimônias a cada 7 dias após a morte, até o 49º dia. Mas hoje em dia como familiares e amigos raramente conseguem atender várias cerimônias semanais, poucas famílias ainda seguem tal rito. A regra atualmente é realizar as missas de 7º e a de 49º dia após o falecimento.
Depois da missa de 49º dia, realiza-se a do 100º dia do falecimento, e a do primeiro ano do falecimento. Depois do primeiro aniversário do falecimento, os anos em que são celebrados os principais serviços variam um pouco dependendo da seita – há famílias que realizam missas anuais até 5 anos após o falecimento. Boa parte dos japoneses, entretanto, procura realizar as missas de 3 anos (essa é realizada quando completa 2 anos, ou seja, um ano após a missa de 1º ano – pelo costume de realizar sempre antes), 7 anos, 13 anos, 17 anos, 23 anos, 27 anos, 33 anos e de 50 anos de falecimento. No Brasil ainda existem famílias que respeitam o calendário de missas de falecimento budistas.
Após 50 anos, acredita-se que o espírito do falecido perde sua individualidade e se funde com os espíritos de seus ancestrais em outro plano. Tradicionalmente, após tais missas serve-se chá com alimentos leves – reflexo do dever de hospitalidade observado pelos familiares do falecido, pelo fato de que as pessoas viajavam de longe para vir a tais missas (costume erroneamente confundido com “festa” no Brasil).
Além das missas de aniversário de falecimento, os japoneses celebram seus mortos no Obon – Finados, o segundo maior feriado nacional do Japão (só é menos comemorado que o Ano Novo). É um feriado de três dias em agosto, no pico do verão, época em que os japoneses acreditam que as almas de seus antepassados retornam para visitar seus lares, e que por isso as pessoas procuram retornar a suas cidades de origem e visitar parentes. Além de realizar missas e visitar cemitérios, as famílias participam de festivais com danças, fogos de artifício e acendem lanternas de papel que flutuam em mini-barcos nos rios, para homenagear entes queridos que já partiram.
No Brasil parte das famílias de descendentes de japoneses preserva o culto aos antepassados, principalmente fazendo as visitas a familiares e aos cemitérios na época de Finados, embora a data do feriado seja diferente da japonesa – 2 de novembro. No meses de julho e agosto, comunidades nipo-brasileiras realizam Matsuris, festivais similares aos realizados no Japão e mantêm a prática do Bon Odori (Dança de Finados, dança circular realizada por toda a comunidade para homenagear os antepassados).

Missas Memoriais

O culto aos antepassados é uma parte importante do budismo. Assim se realizam missas periódicas em memória do falecido.

  • 7º dia (shõnanoka) – Considera-se que a evolução do falecido conteça de 7 em 7 dias, ou seja, ela deixa o mundo em que vivemos e segue em direção a um estágio superior. No 7º dia celebra-se o cumprimento da primeira etapa de uma longa jornada.
  • 49º dia (shijuku-nichi) – Após 7 semanas do falecimento, a pessoa já cumpriu todas as etapas e está pronta para o renascimento.
  • 100º dia (hyakkan-nichi) – Nem todas as famílias realizam essa missa. Celebra o fim do período de concentração e treinamento.
  • 1 ano (isshu-ki) – tradição incorporado pelo budismo na China, significa o fim de um período de luto pelo falecimento.

As demais missas representam uma homenagem periódica ao falecido, celebrando sua evolução constante, firme “como a junta de um bambu”. Notar que, excetuando os últimos números 25, 27, 33 e 50, todos os outros são primos, ou seja, só divisíveis por si e por 1:

  • 3º ano (sankai-ki)
  • 7º ano (shichikai-ki)
  • 13º ano (jusankai-ki)
  • 17º ano (jushitikai-ki)
  • 23º ano (nijusanaki-ki)
  • 25º ano (nijugokai-ki) – cerimônia não obrigatória, simboliza uma homenagem pelo transcurso de metade de sua caminhada.
  • 27º ano (nijushitikai-ki)
  • 33º ano (sanjusankai-ki)
  • 50º ano (gojukai-ki) – Na tradição japonesa, a celebração de 50 anos de falecimento era feita pelos vilarejos como um festival, por considerar que o falecido se transformará após o festival num Deus protetor daquela localidade. Essa tradição foi incorporada ao budismo, por considerar a chegada da pessoa à Nirvana, ou seja, a sua transformação em Buda.

Sempre na véspera

Pela tradição, as cerimônias são realizadas sempre na véspera da data, ou seja, a missa do 7º dia será realizada no 6º dia, a missa de 49º dia será realizada no 6º dia, a missa do 49º dia será no dia 48º dia, a de 1 ano será alguns dias antes de completar um ano, a de 3 anos será no 2º ano, etc.

Isto porque costumam contar os dias ou ano do falecimento como 1, desprezando-se o zero. Pelo mesmo motivo, os japoneses costumam contar a idade a partir do nascimento começando do 1.

Homenagem

O budismo considera que as missas são uma homenagem ao falecido, e que nessas ocasiões deve-se reunir os familiares e amigos, que muitas vezes não se encontrariam de outra forma. Reunir pessoas que tinham laços com o falecido significa a continuidade do elo que sempre existiu entre elas.

Alimentos: o que servir no dia da missa

Em princípio, o hábito de servir comida aos que comparecem às missas é antigo, mas não é obrigação. É uma maneira carinhosa da família oferecer alguma coisa para os presentes, principalmente para os que vieram de longe. Antigamente, vir de longe significava muitas vezes andar mais de um dia no meio do mato. Daí, não há parâmetros para o que você deve servir, mas o bom senso indica que deve-se servir algo que os convidados apreciariam. Não há proibição: carne pode, camarão pode, sashimi pode, fritura, sorvete… Nos templos budistas, a reserva é feita “para o chá” e é de uma hora. Há famílias que servem manjuu, moti, ponkan, enfim, petiscos para acompanhar o chá, que é providenciado geralmente pelo templo.

Normalmente, nas missas são mais  comuns: makizushi, inairzushi, coxinha, espetinho (porque são mais fáceis para comer). Somen, udon, lámen também podem ser apreciados, mas lembre-se que, se for num templo, você só tem uma hora para servir os convidados, para comer, e limpar o espaço para a próxima missa. Daí, a maioria opta por “fast-food”, que são os citados acima. Além disso, o que sobra pode ser fácilmente dividido entre as famílias presentes. Para facilitar, é bom levar embalagens descartáveis para as sobras.

Lista de Templos Budistas

Como funciona o pedido de missa no Templo ou em outro local

Deve-se ir ao templo budista para marcar a data da missa. Os templos são mantidos principalmente através de doações que recebem nas cerimônias, por isso, deve-se deixar um “orei”, ou seja, um valor em agradecimento, mas esse “orei” pode ser levado no dia da missa. Quanto? Para não errar, é bom perguntar no templo o valor que as famílias costumam deixar como “orei’. Além disso, se o falecido não tiver realizado a missa anterior num templo budista, ele não terá o “ihai”, uma tabuleta de madeira com o nome budista do falecido, nome da família e a data de falecimento. O “ihai” precisa der adquirido no templo e o monge precisa criar um nome budista e gravá-lo com pincel.

Ao marcar a missa, verifique a disponibilidade da sala de chá para reunir a família depois da missa. O tempo reservado para cada família é de 1 hora. Informe quantos convidados virão, pois o templo precisa preparar o chá e as cadeiras suficientes. Como em qualquer evento, pode-se pedir para ver a sala (em alguns templos existem várias salas de tamanhos diferentes). O chá também tem custo, portanto, pergunte o valor.

No dia da missa, deve-se levar o “ihai” do falecido e algum doce, fruta ou salgado, para ser colocado como “osonae” ou “obutsuzen”, oferenda para o falecido, para ser colocado no altar. No Japão, existem à venda kits de “osonae”, com docinhos simulando flores e frutas.

A missa também pode ser feita em outro local, e para isso, veja a disponibilidade do monge e como ele fará o transporte. O valor do “orei” também deve ser perguntado.

Envelopes com dinheiro para a família no funeral e na missa

autora: Cristiane A. Sato

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