Cultura Japonesa

jul 102024
 

O 25º Festival do Japão contará com algumas palestras diferentes e elas acontecerão na salinha que fica na parede à esquerda de quem passa pela catraca do pavilhão.

No domingo, às 11 horas, o grupo Study in Japan estará falando sobre as oportunidades para ir estudar no Japão. O Study in Japan é um grupo formado por universidades japonesas públicas e privadas lideradas pela Universidade de Tsukuba. Fazem palestras de divulgação e esclarecem dúvidas do público.

Logo depois, às 12 horas, o jornalista e professor de história do Japão, Francisco Noriyuki Sato, presidente da Associação Fukushima Kenjin do Brasil, estará ministrando uma palestra com o tema: “Fukushima: do Desastre Natural à Reconstrução”, sobre os preparativos do Japão para os desastres naturais que acontecem o ano todo e como foi o terremoto seguido de tsunami de 2011, e como está Fukushima hoje.

Programação de Palestras – FJ2024 (2)

25º FESTIVAL DO JAPÃO
Data: 12, 13 e 14 de julho de 2024
Local: São Paulo Expo Exhibition & Convention Center
Rodovia dos Imigrantes, km 1,5, São Paulo

Horários:
12/07 – sexta – 11 às 21 horas
13/07 – sábado – 09 às 21 horas
14/07 – domingo – 09 às 18 horas

Atenção: Este ano, o transporte gratuito de ônibus sai do metrô São Judas, das 6 às 21h30. Quando passar pela catraca, pegue a saída do lado esquerdo. Haverá voluntários sinalizando o caminho.

jul 102024
 

As atrações do Festival do Japão são variadas. Só na parte da cultura pop são muitas as atrações de 2024. Na sexta-feira, Akatsuki Band apresentará um tributo ao autor da série Dragon Ball, Akira Toriyama. No domingo, Ricardo Cruz e sua banda apresentam um especial de Os Cavaleiros do Zodíaco, cuja série completa 30 anos de exibição no Brasil. Logo depois, Akiba Cosplay, um concurso bastante aguardado todos os anos.

Programação de Shows – Palco
12/07/2024 – Sexta-feira

13h25 Abertura
13h35 Parada Taiko
13h50 Sonho de Aloha – Associação Okinawa Kenjin do Brasil
14h10 Takeshi Nishimura e Isa Toyota
14h35 Sakura Fubuki Taiko
14h55 Mayumi Takahashi e Bia & Bianca
15h20 Yura-ritmo Coral
15h45 Kumamoto Rizumu Melody Dance Ginástica
16h05 Acal Taiko, Yutaka Daiko, Kodaiko e Gookai Wadaiko
16h30 Ossama Sato Ilusionista
16h55 Sergio Tanigawa
17h30 Akatsuki Band – Especial Tributo Akira Toriyama (Dragon Ball)
18h10 Gujo Odori – Associação Gifu Kenjinkai do Brasil
18h30 Ensaio Miss Nikkey Brasil 2024 e Miss Nikkey São Paulo 2024
OBS: Programa sujeita a alterações sem aviso prévio

Atração especial
13h00 Parada Taiko
17h00 Parada Bon Odori – Projeto Sankyu do Ibaraki Kenjinkai

13/07/2024 – Sábado

09h25 Federação Radio Taisso do Brasil
09h45 Okinawa Shorin Ryu Karatedo Kobu-do Jyureikan Artes Marciais
10h05 Rizumu Taisso – Associação Shizuoka Kenjin do Brasil
10h25 Saga Kenko Taisso – Saga Kenjinkai
10h45 Mika Taiko – Associação Fukuoka Kenjinkai
11h00 Cerimônia Oficial de Abertura
12h50 Zenkyu Cantor Internacional
13h10 Ikigai Dojo – Associação da Província de Kagawa do Brasil Artes Marciais
13h30 Grupo Mie Kenjinkai – Kenko Taisso Ginástica
13h50 Parada Taiko
14h05 Tsugaru Damashii – Aomori Kenjin do Brasil
14h25 Kendo da Academia Mie do Brasil Artes Marciais
14h45 Nagasaki Jya Odori e Nagasaki Bayashi Dança do Dragão
15h05 Yodoe Sanko Bushi (Kabenuri) – Tottori Kenjinkai
15h15 Julio Okubo – Desfile – 2º Prêmio de Liderança Feminina Festival do Japão
15h45 Shinkyo Daiko – Chiba Kenjinkai
16h05 Associação Hiramatsuryu (Escola Samurai) – Iwate Kenjinkai
16h25 Takeshi Nishimura e Isa Toyota
16h40 Sawari (Escola de Shamisen) – Ass. Cultural e Recreativa Akita Kenjin do Brasil
17h00 Bujinkan Hattori Hanzo Dojo Ninjutsu
17h20 Setsuo Kinoshita Taiko Group – Nara Kenjinkai
17h40 Joe Hirata – Show Especial
18h15 Miss Nikkey Brasil 2024 e Miss Nikkey São Paulo 2024 com Kendi Yamai
Show da cantora Pamela Yuri
Show do Grupo Saikyo Yosakoi Soran de Maringá – PR

Atração especial
12h00 Parada Bon Odori – Projeto Sankyu do Ibaraki Kenjinkai Dança Tradicional
13h15 Parada Taiko
13h40 Especial Freedom Style – 20 anos
15h00 Parada Bon Odori – Grupo Hikari – Londrina/Paraná
OBS: Programa sujeita a alterações sem aviso prévio

14/07/2024 – Domingo

09h35 Shinsei ACAL Yosakoi Soran
09h55 Kendo – Associação da Provícia de Kagawa no Brasil Artes Marciais
10h15 Grupo Ishin Yosakoi Soran
10h35 Enkyo – Projeto Pipa Musicoterapia
10h55 Débora Iha
11h15 Melissa Taniguti
11h30 Instituto Takemussu – Brazil Aikikai Artes Marciais
11h50 Mukyou Daiko – Ass. Cultural e Recreativa Akita Kenjin do Brasil
12h10 Ossama Sato Ilusionista
12h35 Kenko Taisso – Associação Shizuoka Kenjin do Brasil Ginástica
12h55 Ryuusei Taiko – Ibaraki Kenjinkai
13h15 Grupo Tottori Shan Shan Kassa Odori
13h35 Parada Taiko
13h50 Ricardo Nakase Cantor
14h10 Kiendaiko
14h30 Yoshimura Takao Sanshin Kuucho Kenkyujo
14h50 Ryuka Sosaku Eisa Taiko
15h15 Okinawa Social Dance
15h35 Sonho de Aloha – Associação Okinawa Kenjin do Brasil
15h50 RyuKyu Koku Matsuri Daiko
16h15 Especial: Os Cavaleiros do Zodíaco com Ricardo Cruz
16h50 Akiba Cosplay com Kendi Yamai

OBS: Programa sujeita a alterações sem aviso prévio

Atração especial
11h40 Parada Bon Odori – Projeto Sankyu do Ibaraki Kenjinkai
12h30 Especial Freedom Style – 20 anos
13h00 Parada Taiko

 

25º FESTIVAL DO JAPÃO
Data: 12, 13 e 14 de julho de 2024
Local: São Paulo Expo Exhibition & Convention Center
Rodovia dos Imigrantes, km 1,5, São Paulo

Horários:
12/07 – sexta – 11 às 21 horas
13/07 – sábado – 09 às 21 horas
14/07 – domingo – 09 às 18 horas

Atenção: Este ano, o transporte gratuito de ônibus sai do metrô São Judas, das 6 às 21h30. Quando passar pela catraca, pegue a saída do lado esquerdo. Haverá voluntários sinalizando o caminho.

jul 102024
 

A gastronomia é sempre um grande atrativo do Festival do Japão. Este ano, a Associação Fukushima estará servindo o Kitakata Lámen importado de Fukushima, e o Aizu Sauce Katsudon, outro prato típico do lugar. Além disso, estará servindo Muguichá (saboroso chá de cevada torrada do Japão), e as novíssimas bebidas de pêssego: Flaming Peach (sem álcool) e Passion Peach (com álcool), preparadas com capricho. O estande do Fukushima fica no fundão da praça de alimentação, bem perto da entrada do Palco Principal.

25º FESTIVAL DO JAPÃO
Data: 12, 13 e 14 de julho de 2024
Local: São Paulo Expo Exhibition & Convention Center
Rodovia dos Imigrantes, km 1,5, São Paulo

Horários:
12/07 – sexta – 11 às 21 horas
13/07 – sábado – 09 às 21 horas
14/07 – domingo – 09 às 18 horas

Atenção: Este ano, o transporte gratuito de ônibus sai do metrô São Judas, das 6 às 21h30. Quando passar pela catraca, pegue a saída do lado esquerdo. Haverá voluntários sinalizando o caminho.

jun 112024
 

Uma viagem cultural por Fukushima no Ibirapuera

A Associação Fukushima Kenjin do Brasil em conjunto com a Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social promovem o evento Viagem Cultural: Fukushima, nos dias 15 e 16 de junho de 2024, no Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera em São Paulo.

São várias atividades apresentando a província de Fukushima, que é a terceira maior província do Japão, que reúne uma paisagem bastante variada e tem muita história para contar. É o lugar de onde surgiram, provavelmente, os primeiros samurais. É cenário de mangás como Kimetsu no Yaiba, e tem o museu de Eiji Tsuburaya, criador de Ultraman, Ultraseven e Godzilla, que nasceu em Fukushima. A província é famosa por ser o berço do Kitakata Lámen, um dos três principais tipos de lámen do Japão, e por produzir o melhor saquê do país.

O evento vai das 10 às 17 horas nos dois dias. Há uma exposição de objetos típicos de Fukushima, pôsteres de locais turísticos, palestras e apresentações culturais. Confira a programação:

Sábado:
11 h – Yosakoi e oficina de bon odori de Fukushima com o grupo Ryo Kochi Yosakoi
13 h – palestra “Fukushima: do desastre à recuperação” c/Ricardo Sasaki, ex-vice-cônsul do Brasil no Japão e diretor de relações empresariais da Associação Fukushima.
14 h – Yosakoi e oficina de bon odori de Fukushima com o grupo Ryo Kochi Yosakoi
15 h – palestra “A Cultura do Saquê” com degustação c/Hiroshi Kawazoe, importador
Domingo:
10h – Passeio de Yukata pelo Parque do Ibirapuera
11h – Oficina de bon odori da Associação Fukushima de Atibaia
13h – palestra “História dos Desastres Naturais do Japão” c/Francisco Noriyuki Sato, presidente da Associação Fukushima
14h – Oficina de bon odori da Associação Fukushima de Atibaia
15h – palestra “A Cultura do Saquê” com degustação c/Hiroshi Kawazoe

As atividades são gratuitas, porém, para ingressar no Pavilhão Japonês, é cobrado um ingresso de R$ 15,00 e R$ 7,00 para a manutenção do pavilhão. Ele é uma réplica do Castelo de Katsura de Kyoto, que foi a residência de verão da família imperial japonesa. Pode-se conhecer a arquitetura típica do século 16, com estrutura de madeira, ver e alimentar as carpas coloridas. O local conta com uma cafeteria Nanaya. https://www.bunkyo.org.br/br/pavilhao-japones/

jun 062024
 

Uma homenagem às escolas femininas da comunidade nipobrasileira: as Saihou Gakkou (escolas de corte e costura), as Biyouin (escolas de estética, de cabeleireiras) e as Kappou Gakkou (escolas de culinária)

Palestra proferida por Cristiane A. Sato no Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera pelo Dia Internacional da Mulher, em 10 de março de 2024. Dividimos em capítulos aqui no site para facilitar a leitura.

INTRODUÇÃO

Nesta apresentação, falarei de um assunto pouco divulgado, mas que entendo ser um importante aspecto da história da vida privada da imigração japonesa no Brasil. É uma história que tive o privilégio de conhecer através de pessoas que viveram essa época, e através delas pude testemunhar o resultado daquilo que foi o fenômeno da Educação Feminina Japonesa no Brasil, que marcou gerações de mulheres e suas famílias.

Por ser a primeira vez que trago este assunto ao público, gostaria de agradecer à Celina Yamao, organizadora deste evento em homenagem ao Dia Internacional da Mulher no Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera. Há alguns anos tento falar sobre a Educação Feminina Japonesa no Brasil, mas esta é a primeira vez que me dão de fato uma oportunidade de expor essa história, que acredito que surpreenderá vocês e trazer lembranças familiares para algumas de nós. Por isso, e por entender o valor das mulheres na prática e transmissão da cultura japonesa no Brasil, reitero meus agradecimentos aos administradores do Pavilhão Japonês, especialmente à Celina e ao Cláudio Kurita da Japan House de São Paulo, por organizarem este evento.

Só é possível entender a importância e o impacto da Educação Feminina Japonesa no Brasil se entendermos as condições de vida da época em que as escolas femininas da colônia surgiram, quase 100 anos atrás. Não é possível entender as limitações, o estilo de vida e os valores da geração de nossas avós e bisavós partindo das referências do modo de vida que temos hoje. Por isso, gostaria que observassem esta foto (slide 2: reunião de família de imigrantes japoneses no interior de São Paulo, 1930).

 COMO ERA A VIDA 100 ANOS ATRÁS

As pessoas desta família estão reunidas em torno de uma mesa grande montada fora da casa, são todos jovens e há bebês. É provavelmente uma celebração de Oshõgatsu (Ano Novo), estão todos usando as melhores roupas, uma elegante toalha branca na mesa, e apesar dos sorrisos e do registro de um momento feliz, a casa feita de troncos ao fundo, pequena e sem acabamento, e o sítio isolado indicam que a vida diária não devia ser nada fácil.

Basta observar que, naquela época, coisas que hoje consideramos imprescindíveis para o nosso dia a dia e até mesmo para a civilização contemporânea, não existiam (slide 3): Internet, smartphones, redes de lojas de roupas de preço acessível prontas para usar (fast fashion), de hipermercados, comida pronta, serviços de entrega rápida, forno de micro-ondas, medicamentos eficientes e vacinas disponíveis em farmácias. Imaginem ter que acender um fogão a lenha para esquentar um prato de comida, ou tomar banho em grandes latões com água esquentada sobre fogueiras ao ar livre, calçando guetás (sandálias de madeira japonesas) para não queimar os pés. Assim era a vida dos imigrantes no interior de São Paulo e do Paraná. Mesmo eletricidade e água corrente eram coisas que só haviam em poucos bairros privilegiados nas grandes cidades.

Em suma, a vida em 1930 era difícil e incerta. Doenças hoje praticamente erradicadas eram comuns, a mortalidade infantil era alta e até adultos eram afetados por surtos de varíola, sarampo, meningite, tuberculose e poliomelite. A expectativa média de vida para os homens era de 55 anos e era comum ver viúvas lutando para criar filhos pequenos sozinhas. Não havia seguridade social ou aposentadoria pelo INSS. Quase nada podia ser comprado pronto e por isso a vida era difícil e trabalhosa na cidade, e mais ainda no campo. Viver era uma grande incerteza por todos esses fatores, e no caso dos imigrantes japoneses havia um fator que aumentava as incertezas: os casamentos eram por Omiai, casamentos arranjados entre famílias (slide 4).

AS MULHERES NO JAPÃO DO PERÍODO MEIJI

No Japão desde o Período Meiji (1868~1912), no início do processo de modernização do país em moldes ocidentais, preconizou-se a importância da Educação Feminina. Não apenas os homens, mas as mulheres também precisavam obter conhecimentos técnicos sobre o modo de vida ocidental para que a sociedade japonesa se modernizasse e se tornasse competitiva com as nações industrializadas. Éditos imperiais autorizaram a criação de escolas femininas e jovens estudantes se tornaram a imagem da emancipação e da mulher moderna no Período Meiji (slide 5). Sob o ideal de criar uma sociedade melhor a partir da família, mulheres no Japão passaram a estudar para se prepararem para enfrentar as incertezas da vida, para terem uma profissão seja por aptidão ou por necessidade, mas também para serem boas mães e donas de casa. Para isso era preciso que administrassem a casa e a família como se fosse uma empresa, ou extensão da profissão do marido, um hábito que existe desde o Período Edo (1603~1867) principalmente nas famílias de shokunins (artesãos) e shõnins (comerciantes).

Um exemplo desse esforço pode ser visto nesta gravura ukiyo-e de 1887 chamada Kijo Saihou no Zu (Mulheres da Nobreza Praticando Costura) (slide 6), que retratou damas da corte do Período Meiji em trajes ocidentais aprendendo costura ocidental no Rokumeikan, um palacete construído em Tóquio onde a elite japonesa praticava cultura e etiqueta social ocidentais. É importante observar que na época as mulheres das elites no ocidente eram muito ociosas e, raramente, praticamente nunca, aprendiam a costurar, vendo isso como profissão para gente simples. Mas as aristocratas japonesas fizeram um enorme esforço de aprendizado (reparem que a dama na esquerda da imagem está fazendo uma casaca masculina, uma peça de alfaiataria complexa). As damas da nobreza japonesas, que tradicionalmente sempre se dedicaram à produção cultural e artística, se chocavam com a ociosidade das elites ocidentais. Assim, seguindo os ideais de modernização do governo Meiji, passaram a se dedicar a atividades técnicas que implicavam em aprendizado prático e de adaptação ao ocidente. Técnicas de corte e costura estilo ocidental (yõsai – porque existe a técnica de corte e costura japonesa, wasai, ainda hoje usada na confecção de quimonos) e o uso de máquinas de costura fez parte desse aprendizado técnico de ocidentalização. Naquela época, o fato de ter uma máquina de costura e usar vestidos ocidentais era um luxo que apenas moças da nobreza e filhas de banqueiros e ricos industriais podiam ter.

UMEKO TSUDA: EDUCADORA PIONEIRA

Uma dessas aristocratas pioneiras foi Umeko Tsuda, mulher cuja biografia por si só merece uma palestra específica por ter sido a integrante mais jovem da Missão Iwakura ao exterior, aos seis anos de idade (slide 7). A Missão Iwakura foi uma expedição de quase 2 anos organizada pelo Governo Meiji para pesquisar literalmente todos os aspectos da vida pública e privada da civilização ocidental. As informações obtidas por essa missão foram a base para que o governo japonês decidisse quais aspectos institucionais, tecnológicos e sociais do ocidente, devidamente adaptados à realidade japonesa, seriam aplicados na modernização do Japão. Quando a Missão Iwakura esteve nos Estados Unidos, Charles Lanman, Secretário do Governo Americano para a Delegação Japonesa, e sua esposa adotaram a pequena Umeko como filha. Educadora formada nos Estados Unidos, onde passou a infância e a juventude, Umeko Tsuda foi pioneira da educação feminina e fundadora da primeira universidade feminina do Japão, a Universidade Tsuda, que existe até hoje.

No início do século 20, a educação era muito cara e por isso vista mais como um privilégio do que uma necessidade, sendo que para as mulheres a educação era considerada um luxo desnecessário. Tsuda entendia que a modernização japonesa seria inócua se as mulheres não tivessem acesso a uma educação que as preparassem para a vida e para o futuro desafiador que se abria para o Japão. Assim, ela preconizou uma formação pragmática para as mulheres e estabeleceu preceitos de economia doméstica, que se popularizaram através do ensino público e que são ensinados até hoje nas escolas de nível médio. Através da economia doméstica, as educadoras japonesas transmitiram conhecimentos práticos para gerações de jovens mulheres poderem gerir as próprias vidas, casas e famílias com eficiência, preparando esposas e mães gestoras de lares e negócios no sentido mais preciso da palavra “economia” (cuja origem etimológica em grego significa “as regras da casa”). Em reconhecimento à visão e ao impacto profundo e duradouro do trabalho de Tsuda, o Governo Japonês a partir de 2025 emitirá em sua homenagem a nova série de notas de 5 mil ienes com a efígie da educadora pioneira do Período Meiji.

Considerando que a regra dos casamentos na sociedade japonesa eram pelo Omiai, da mesma forma que a família do noivo procurava apresentar o próprio filho como “um bom partido” sob o aspecto pessoal e profissional, a família da noiva procurava em contrapartida apresentar a filha como uma companheira ideal, devidamente preparada para apoiar o marido, gerar filhos, organizar uma casa e cuidar de tudo relacionado aos afazeres da vida diária: alimentação, vestuário, higiene, pagamento de contas, etc., para que o marido pudesse de dedicar quase que totalmente a sua profissão. Num mundo e numa época nos quais não existiam as comodidades que hoje desfrutamos, a vida adulta começava muito cedo: em média aos 20 anos de idade, homens e mulheres já estavam casados e formando suas próprias famílias. Haviam muitos avós na faixa dos 40 anos de idade, e bisavós aos 55 anos. Como todos viam a vida como algo curto e muito incerto, as gerações que nos antecederam procuravam atingir a maturidade social o quanto antes e a velhice era uma conquista de poucos.

Uma mulher educada no Japão significava que ela, além de saber ler e escrever, sabia fazer contas usando o soroban (ábaco japonês), produzir roupas para toda a família e têxteis para a casa, cozinhar e processar alimentos (principalmente fazer conservas, estratégico numa época em que não haviam geladeiras), tinha noções de higiene e de enfermagem (para cuidar de bebês e doenças na família) e era autodisciplinada. Redigir diários, ter conhecimentos de literatura, artes e bons modos eram características muito valorizadas nas mulheres por mais humildes que elas fossem, pois considerava-se que os filhos se aperfeiçoariam vendo o exemplo de suas mães.

(continua nos links abaixo)

1 – Esta matéria

2- https://www.culturajaponesa.com.br/index.php/guia-japao/educacao-feminina-japonesa-no-brasil/educacao-feminina-japonesa-no-brasil-2/

3 – http://www.culturajaponesa.com.br/index.php/guia-japao/educacao-feminina-japonesa-no-brasil/as-escolas-femininas-japonesas-no-brasil-3/

4 – http://www.culturajaponesa.com.br/index.php/guia-japao/educacao-feminina-japonesa-no-brasil/as-escolas-femininas-japonesas-no-brasil-4/

5 – http://www.culturajaponesa.com.br/index.php/guia-japao/educacao-feminina-japonesa-no-brasil/as-escolas-femininas-japonesas-no-brasil-5/

6 – http://www.culturajaponesa.com.br/index.php/guia-japao/educacao-feminina-japonesa-no-brasil/as-escolas-femininas-japonesas-no-brasil-6/

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