National Kid e a Sociedade Japonesa

 

National_Kid_1960_00A década de 50 que ficou conhecida como “Anos Dourados” não foi precisamente uma época de ouro para a juventude japonesa. Para constatar é só assistir a série do National Kid, que foi ao ar pela primeira vez em 1959.
Naquele ano, nem todos os japoneses tinham televisão, como se pode verificar no episódio da invasão dos Incas Venusianos: a notícia é transmitida pelo rádio, pois a popularização da televisão só ocorreria mais tarde, perto das Olimpíadas de Tokyo, em 1964. Vale lembrar que mesmo a Matsushita, fabricante da linha National, que patrocinou o filme, não fabricava aparelhos de TV na época.

O tradicional Koohaku Utagassen, festival de música japonesa transmitido sempre na virada do ano pela TV NHK, em 59 ainda não era televisionado e sim transmitido via rádio.

Na verdade, a II Guerra terminou em 1945 e o Japão estava, quatorze anos depois, em fase de construção, e apesar de alguns sinais de avanço industrial, tudo estava para ser feito, para se tornar uma potência mundial. Inclusive, na própria série, as crianças pequenas que são alunas do professor Massao Hata (identidade secreta de National Kid), quando são intoxicadas pela água contaminada e são hospitalizadas, quem é chamado é o professor e não os pais ou parentes. Provavelmente, aquelas crianças eram órfãs, fato que essa geração do autor Daiji Kazumine viu de perto no pós-guerra.

Cabe notar que o Japão, que é hoje um dos maiores exportadores do mundo, só superou o Brasil no comércio internacional em 1965.

National Kid foi exibido em São Paulo no ano de 1965 pela TV Record, e muitas famílias não tinham aparelho de TV, muitas cidades não tinham transmissoras, e pior, muitas casas nem tinham energia elétrica.

Quem assistiu National Kid no Brasil, em sua primeira exibição, na infância, nasceu na década de 50. E são poucos os nikkeis que nasciam na cidade de São Paulo na época, pois as famílias japonesas se dedicavam principalmente à agricultura e ao pequeno comércio no interior, e o grande “boom” de imigração de nisseis para São Paulo ocorreu nas duas décadas seguintes, quando os japoneses já dispunham de recursos para encaminhar seus filhos para o estudo em São Paulo.

Mesmo assim não havia abundância de recursos, e os jovens que vinham estudar, também trabalhavam e não alugavam um apartamento, e sim, uma vaga numa pensão ou quarto em casa de família. Portanto, nada de televisão, principalmente em 65.

Assim, pode-se concluir que poucos realmente assistiram o pioneiro dos heróis mascarados naquela época, embora exibido em horário nobre, nos finais de semana.

Mesmo a indústria de brinquedos, de cadernos, e de figurinhas, muito na moda, sequer registrou a passagem desse herói japonês, tal era a falta de interesse no personagem.

A volta “por cima” do velho mascarado em relançamento no Brasil se deve unicamente ao trabalho de marketing da distribuidora de vídeo e da gentileza dos editores em divulgar essa série, da qual nem os japoneses se lembram mais. Veja a abertura da série:

 
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