Marcos Yamada

 

marcosyamadaEle foi 59 vezes ao Japão, 7 para a China, inúmeras viagens para outros 50 países e 23 estados brasileiros, mas não trabalha com turismo.
Formado em Engenharia Elétrica pela Mauá, Marcos Yamada fez do tênis de mesa o seu meio de vida, e também, seu estilo de vida. Quase tudo o que ele faz tem a ver com esse esporte. Até quando joga futebol é o Marcos do tênis de mesa.

No seu escritório da Alameda Barão de Limeira, de onde administra as operações da Butterfly do Brasil, Marcos ficou cinco horas relembrando e contando as suas histórias.

Mala no baile

Marcos Yamada se destacou como atleta no período de 1971 a 1984, conquistando vários títulos como o de heptacampeão paulista, bicampeão brasileiro intercolonial e vice-campeão latino-americano nikkei de tênis de mesa. Em 1972 começou a freqüentar o Nippon Country Club para jogar futebol com os amigos. “Freqüentávamos os bailes da Liberdade no sábado e quando saíamos do baile de madrugada, íamos direto para o Nippon. Nós levávamos as nossas malas no baile. Havia um ônibus na Estação da Luz para Arujá”, relembra o mesatenista.

Nessa época, seu interesse maior era o futebol, mas também jogava voleibol e tênis de mesa. “O clube era menor, tinha poucos freqüentadores e poucas atividades, assim, muitos acabavam praticando outras modalidades disponíveis”, explica Marcos.

Começou a ganhar campeonatos de tênis de mesa, e quando o Nippon foi começar os cursos de férias em 1975, seu nome foi indicado como treinador. Tinha então 17 anos de idade.

“Foi no Nippon que eu me identifiquei como treinador, até então eu era apenas um atleta”, diz ele. Depois começaram os cursos regulares, e Marcos ficou no Nippon como treinador até 1988, repetindo sua rotina de ensinar de manhã e jogar futebol e voleibol à tarde. Dessa fase, ele se lembra do Eduardo Missaka, que dava aula de futebol no Nippon e era seu amigo no campo e na bagunça. Ambos jogaram no Clube da Turma, onde seu pai era o técnico. A ligação da família pelo futebol era tão grande, que seu irmão, Marcelo Yamada, que continua jogando no Nippon, foi convidado várias vezes para jogar na equipe semi-profissional da Honda, no Japão, mas ele acabou não se interessando.

Treinando campeões

“Eu dizia que nunca iria viver de tênis de mesa”, afirma Marcos. Já trabalhava como engenheiro e tinha um salário bom, mas continuou sua função de técnico no Nippon, Piratininga e Fuji Film. Em 1984 foi fundado um clube exclusivo de tênis de mesa, a Itaim Keiko e Marcos, depois de resistir bastante por falta de tempo, aceitou a proposta de trabalhar como técnico desse novo clube. Ele continua lá até hoje e a Itaim Keiko é a maior agremiação de tênis de mesa do Brasil, com 250 atletas.

Nesses 30 anos como treinador, Marcos Yamada formou uma legião de campeões em todas as categorias, e também muitos dos técnicos da modalidade espalhados pelo Brasil.

Encontrando a esposa no Peru

Num amistoso internacional realizado em 1983 no Peru, Marcos foi defender a camisa do Nippon na sua modalidade. Quando assistia a uma partida de voleibol, percebeu uma pequena, mas ótima jogadora no time do Nippon. Naquela época, o Nippon convidava atletas de destaque de outros clubes para integrar sua equipe campeã de voleibol. Era Nanci Toshie Furusho, que chegou a integrar a Seleção Paulista. Marcos e Nanci se casaram e seus dois filhos optaram por jogar tênis de mesa como o pai. Jéssica Yamada, de 15 anos, é a atual número um dos rankings paulista e brasileiro. Jeff Yamada, 11 anos, foi campeão do Torneio Encerramento da FPTM/Nossa Caixa – 2004 e está em terceiro no ranking paulista da sua idade.

Como a Butterfly chegou

Até 1990, a importação não era livre no Brasil, e assim, os materiais especiais para o esporte, ou vinham do Paraguai ou na mala de quem voltava de viagem. Mas quem exportava algum produto brasileiro, recebia uma quota para importar alguma coisa. No caso do tênis de mesa, uma empresa de fiação importava os materiais da Butterfly, mas como não era a especialidade dela, o volume era pequeno.

Um dia, Marcos Yamada foi convidado para ajudar a divulgar a marca, e depois de algumas idas e vindas, acabou adquirindo a marca para si.

Hoje, a Butterfly do Brasil tem um volume de negócios significativo, sendo representante exclusivo da marca no Brasil e em 13 países da América. “É volume significativo se consideramos o número de jogadores que temos no Brasil, mas no total da empresa no mundo, é um volume baixo”, explica Marcos.

De fato, no Brasil existem 10 mil atletas federados (que disputam campeonatos oficiais), enquanto na França, que é um país menor, são 150 mil atletas. A Alemanha tem 750 mil, e o Japão tem 1 milhão de atletas federados, ainda distante da China, que tem 10 milhões! Não é à toa que a China é campeã mundial há muitos anos (no masculino, dos últimos 15 campeonatos desde 1975, a China venceu 10, e no feminino, dos últimos 15 campeonatos, 14 foram conquistados pelas chinesas).

O Brasil no ranking

Segundo Marcos, o Brasil tem ótimos jogadores, e foi tetracampeão nos Jogos Pan-americanos. Perdeu nos dois últimos anos, pois as equipes latinas estão importando os mesatenistas chineses. Mesmo assim e mesmo sem atletas de destaque internacional, vive-se no Brasil o auge do tênis de mesa. O número de jogadores está aumentando cada vez mais e muitas escolas estão investindo em mesas, reconhecendo as qualidades dessa modalidade, que pode auxiliar o aluno nos estudos, treinando a concentração e rapidez no raciocínio.

No ranking, o Brasil, que foi campeão da 2ª divisão, sobe para a 1ª e fica entre os 24 melhores do mundo (8 da divisão especial e 16 da 1ª divisão). Na época histórica de Biriba, o supercampeão da década de 50, o Brasil chegou a 6º lugar, e na época do falecido Cláudio Kano, estava em 19º lugar.

Diretor da Federação Paulista de Tênis de Mesa, Marcos Yamada, que já tinha sua agenda ocupada por viagens, agora se preocupa em agendar os campeonatos dos seus filhos, além de sua participação como comentarista da TV ESPN.

Matéria publicada na Revista Nippon nº 32/2005.

Nota posterior:
Jéssica Yamada – sagrou-se campeã individual no World Junior Circuit, etapa da Venezuela, em 3/2007. Ela conquistou também o título de duplas, junto com Karin Fukushima, no mesmo campeonato.

Jéssica Yamada – campeã individual do 57º Campeonato Brasileiro Intercolonial de Tênis de Mesa, em janeiro de 2007, na categoria de 15 a 17 anos.
Jeff Yamada – campeão na categoria mirim masculino (11 a 12 anos), do 57º Campeonato Brasileiro Intercolonial de Tênis de Mesa, em janeiro de 2007.