Nipponfest

 

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Nippon realizou, no dia 29 de agosto, na sua sede em Arujá, o Festival Cultural NipponFest.

O evento, anteriormente conhecido como Dizô Matsuri, é realizado desde 1968, e até a década de 90 foi considerado um dos acontecimentos mais importantes da coletividade, reunindo-se ali vários grupos culturais. Entretanto, nos últimos anos, o evento se restringiu à cerimônia religiosa do Dizô, ao odori e ao moti-maki, distribuição de bolinhos de arroz, registrando um público cada vez menor.

Este ano, com uma programação totalmente remodelada, o NipponFest atraiu um público maior do que todas as expectativas. A portaria registrou nesse dia, a presença de 11.088 pessoas, incluindo o público da Copa Nippon de Futebol, do Torneio de Beisebol Wabiko Goto, e do Grande Bazar do Feminino, realizados no mesmo dia. Foi o maior público já registrado na história do Nippon. Para que o público pudesse ver todas essas atividades, um trenzinho circulou o dia todo na área de 330 mil m² do Nippon.

Havia alguma preocupação de que o exame da Enem realizado no mesmo dia pudesse atrapalhar, mas a boa programação foi suficiente para garantir a presença das pessoas.

Tudo começou às 8 horas no campo de futebol, passando por um torii (portal), e enormes bambus decorados com tanabatas, e com as barracas de comidas típicas como sushi, sashimi, guioza, harumaki e yakissoba, brincadeiras de minigolfe e demonstração de beisebol.

Às 10 horas, conforme a tradição, foi realizada a cerimônia do Dizô, santo protetor das crianças e dos viajantes, no Jardim Japonês, celebrada pelo monge zen budista Enjô.

Ao meio dia a Banda Pop do cantor Alexandre Hayafuji entrou com seu show ao vivo. Depois, os grupos de odori da ACAL Liberdade e do Nippon se apresentaram.

Às 14h15, foi a vez das artes marciais japonesas: grupos de karatê e judô do Nippon, aikidô da Academia Kito, e sumô da Confederação Brasileira (que trouxe o campeão mundial Cláudio Ikemori) se apresentaram e explicaram a história e a base de cada modalidade. Logo depois foi a vez da demonstração rítmica do grupo do Nippon chamado Melhor Idade, formado por associados veteranos.

À seguir, jovens da ACAL e da Associação Cultural de Biritiba-Mirim apresentaram a dança do Yosakoi Soran, pela primeira vez na história do Nippon. A parte dos shows foi finalizada pelo grupo Setsuo Kinoshita Taikô Group.

No mesmo dia foram realizadas quatro aulas de sushi, na área social da pesca, a cargo do sushiman Hugo Kawauchi, presidente da Associação Brasileira de Culinária Japonesa.
A maior parte do público foi embora após o moti-maki, por volta das 17 horas. Aqueles que esperaram, puderam ver a inédita Cerimônia de Queima de Tanzaku, comandada pelo ministro xintoísta Kazuo Osaka, às 17h30.

Para o sucesso do NipponFest, o clube contou com o apoio dos jovens da ACAL, que acumulam vários anos de experiência na montagem do Tanabata Matsuri e do Toyo Matsuri na Liberdade.

A tradição do Dizô Matsuri

No ano em que nasceu, o NipponFest bateu o recorde de público do Nippon. Foi em 31 de agosto de 1997, quando compareceram quase 7 mil pessoas. O clube todo estava em festa, pois no início daquele mês foi realizada a inauguração do novo ginásio e a festa de aniversário do clube, que reuniu delegações de diversos clubes, inclusive estrangeiros. NipponFest, na verdade, foi a “modernização” de uma atividade realizada há muito tempo pelo clube, o Dizô Matsuri.

Em 1968, o Nippon promoveu o primeiro festival em homenagem ao Dizô-Sama, cuja fórmula se repetiu até 1996: cerimônia no Jardim Japonês, apresentação de vários grupos de dança folclórica japonesa e o encerramento com o moti-maki, distribuição de bolinhos de arroz.

Mas a história do festival é muito mais antiga. Começou em Santo André, no bairro de Camilópolis/Utinga. O sr. Tsunaichi Miyoshi, natural da província de Ehime, que se dedicava à agricultura e ao cultivo de plantas ornamentais japonesas (como Bonsai), recebia a visita de muitos imigrantes japoneses durante a 2ª Guerra Mundial, que buscavam consolo em seu sítio, onde excepcionalmente podiam falar japonês, e visitar seu jardim, semelhante aos que existiam no Japão.

O Sr. Miyoshi reuniu seus amigos, também idealistas, e com eles preparou grandes pedras com inscrições em japonês, ergueu um grande portal (torii) e uma estátua do Santo Dizô, para todos poderem rezar pela saúde das crianças e principalmente pela paz. O empreendimento não era fácil, pois o local ficava afastado e o escultor que trabalhava com essas pedras, o sr. Izukawa, estava em São Paulo, no bairro de Pinheiros.

Mas a fé removia montanhas. Pelo menos nesse caso. O Dizô, encomendado um ano antes, ficou pronto em 1948, e mesmo faltando alguns detalhes no jardim, o primeiro Dizô Matsuri foi realizado em junho daquele mesmo ano.
A divulgação foi feita por carta e pelos jornais da coletividade. Para tornar a festa mais brilhante, o próprio sr. Miyoshi vestiu a fantasia de espantalho (kakashi em japonês, que era seu pseudônimo como poeta de haikai) e subiu no yagura, palanque de madeira especialmente montado para isso, de onde comandou os espetáculos de teatro japonês e de cantores amadores. No final, pegou o moti, bolinho de arroz que foi usado como oferenda durante a cerimônia, cortou em pequenos pedaços e atirou ao público. Começou assim a tradição do moti-maki. Naquela época, o moti era socado no pilão lá mesmo, com a participação dos familiares.

O Dizô Matsuri continuou em Santo André até 1965. Naquele ano, a Petrobrás desapropriou o local para a construção de oleoduto, e todo o jardim japonês, incluindo o Dizô e todas as pedras, foram transferidas para o Nippon. A transferência demorou bastante, e a primeira homenagem ao Dizô-Sama só ocorreria três anos depois. O Nippon é a única entidade do Brasil a realizar o Dizô Matsuri, uma tradição importante, que continua atraindo muitos visitantes até hoje.