Karaokê

 

© Dick Thomas Johnson – Shinjuku, Tokyo

O termo “karaokê” é uma composição das palavras “kara”, de “karappo” que quer dizer vazio, e “oke” de “okesutora” (orquestra), significando sem orquestra. O termo foi inventado há mais de 20 anos, e já consta na edição do The Oxford English Dictionary e também dos dicionários de língua portuguesa, tal foi a sua popularização.

Conta-se que o karaokê surgiu na cidade de Kobe, em 1971, num bar que apresentava shows ao vivo. Para solucionar o problema do guitarrista que se ausentara naquela noite, o proprietário da casa providenciou algumas fitas cassete com músicas de acompanhamento, para que os vocalistas da banda pudessem cantar sem os instrumentistas. A ideia foi bem aceita, fazendo com que muitas casas noturnas passassem a oferecer o karaokê como uma opção de entretenimento, onde os próprios clientes cantavam. O avanço da tecnologia permitiu a criação de equipamentos domésticos que permitiram que a moda propagasse por todo o arquipélago japonês.

No tempo das grandes orquestras, os japoneses sempre gostavam de cantar. Nas festas e nos ençontros entre amigos, os mais desinibidos cantavam suas músicas sem acompanhamento musical. Este só existia em eventos mais sofisticados, batizados de “nodojiman” (literalmente: orgulhar-se da garganta). Os campeonatos de “nodojiman”, acompanhados de uma pequena orquestra eram realizados por todo o país. A tradição foi introduzida pelos imigrantes japoneses, e os campeonatos foram realizados em larga escala nas décadas de 60 e 70, consagrando orquestras como Arelux (fundada em 1958), Heibon Band, Cristal Band, Universal, Aozora Gakudan, Românticos de Tokyo, Orion Band, e Onda, que acompanhavam os calouros e também tocavam em bailes e festas. Haviam grupos musicais que tocavam em bailes nas principais cidades do interior de São Paulo. Esses grupos em geral não tocavam apenas música japonesa, e alguns eram claramente influenciados pelos Beatles.

Um dos últimos concursos de canto com acompanhamento de uma orquestra foi o Festival Royal Japan, realizado em São Paulo, no Bunkyô, em 1986.

“Não eram grupos profissionais”, lembra o contador Paulo Wakiyama, um dos fundadores da Arelux, que tocou saxofone em vários outros. Havia alguma remuneração para cobrir despesas, mas todos tinham uma outra atividade profissional e gostavam muito de música. Com o surgimento das fitas de karaokê, os campeonatos trocaram os músicos pelos equipamentos. Se de um lado o karaokê permitiu a difusão do hábito de cantar, de outro não permitiu o surgimento de instrumentistas.

© Tadanobaba Kurazawa

“Nos últimos anos, com a volta da dança de salão, surgiram alguns grupos que tocam ao vivo, mas os integrantes são os mesmos da década de 70”, lamenta Wakiyama, que integra atualmente o grupo Blue Coats.

Com o lançamento de produtos diferenciados, o karaokê tornou-se um importante segmento dentro da indústria do entretenimento. Video disc, videokê e outros estão cada vez mais presentes nas casas. No Japão, entretanto, com as casas muito próximas umas das outras, alguns vizinhos não gostavam do karaokê praticado do outro lado da parede. A solução foi a criação do karaokê box, estabelecimento com pequenas salas vedadas que são alugadas para pequenos grupos. O primeiro karaokê box apareceu em 1984 no Japão, e dez anos depois chegou ao Brasil.

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