Cães do Japão

 

A cinologia, o estudo dos cães, vem detalhando a evolução das espécies ao longo da história.

Sabe-se, por exemplo, que através de cruzamentos, todos os seres evoluem. Assim, o trabalho da Federação Internacional de Cinologia é estabelecer padrões para diferir o que é raça originária de tal local ou não. Dez tipos de cães são reconhecidos pela entidade como raças nativas do Japão.

Shiba

Arqueólogos descobriram diversos esqueletos de cães pequenos parecidos com a raça Shiba em cavernas que foram habitadas por seres humanos 3 mil anos antes de Cristo. Por isso, Shiba é reconhecida como a mais antiga variedade originária do Japão. Shiba já era um cão domesticável e provavelmente ajudava o homem nas caçadas. Vivendo numa área montanhosa próxima ao Mar do Japão, seu porte pequeno era adequado para a caça de pássaros e pequenos animais. Antigas obras da literatura japonesa como o Kõjíkí (Textos da Antigüidade) e o Níhonshoki (Primeiros Registros do Japão) já trazem referências aos cachorros domésticos.
Mais recentemente, no período da Era Meiji, entre 1868 e 1912, cães das raças Setter e Pointer da Inglaterra foram importados para a çaça que se consagrava como esporte. Devido ao cruzamento dos Shiba com as raças inglesas, a variedade original tornou-se extremamente rara. O trabalho de estudiosos e caçadores conscientes da preservação da raça Shíba acabou estabelecendo oficialmente um padrão em 1934.

Akita

Na Era Tokugawa (1603 a 1867), houve uma proibição imposta pelo governo central do shõgun para que os senhores feudais não construíssem castelos nem mantivessem armas dentro de suas propriedades. Essa medida visava impedir rebeliões regionais que poderiam desestabilizar o governo central e os Tokugawa impuseram dessa forma uma paz interna no Japão. Entretanto, no feudo de Akita (atual Província de Akita), passou-se a incentivar a briga de cães como uma forma de preservar o antigo espírito de bravura dos samurais.
A luta entre cães tornou-se popular e continuou a ser praticada na Era Meiji (1868 a 1912). Por volta de 1897, os cães de briga mais comuns eram os Odate (nome pelo qual eram conhecidos os atuais Akita – esse era o nome da cidade de origem desses cães) e os Tosa (assim chamados por virem da antiga Província de Tosa, atual Kochi). Num primeiro instante, os Akita levaram vantagem nas brigas, mas a situação gradualmente se inverteu quando os Tosa passaram a ser cruzados com raças européias, visando criar misturas mais resistentes e valentes. Como o objetivo das lutas era a vitória, os cães Akita passaram a ser cruzados com outras raças e a miscigenação ocorreu até 1908, quando uma lei proibiu a briga de cães.

No início da Era Shõwa (1925 a 1989), Shigeie Izumi, então prefeito de Odate, preocupado com a preservação dos cães da raça Odate, criou em 1927 a Sociedade de Preservação do Akita Inu. Após a guerra entre o Japão e a China pouco antes da 2a. Guerra Mundial, as geladas ilhas de Karafuto (também conhecidas como Sakalinas, que passaram ao controle russo no fim da 2a. Guerra) foram ocupadas pelos japoneses, que para lá migraram para pescar arenque e buscar oportunidades de trabalho. Devido às duras condições climáticas das ilhas, grandes cães resistentes ao frio como o Akita foram deslocados para lá.

Durante a 2a. Guerra, a maioria dos cães no Japão foram usados para fins militares. Entretanto, algumas pessoas mantiveram cães Akita às escondidas para não serem confiscados pelo exército.

Após a Guerra, durante a Ocupação, oficiais americanos na Província de Akita quiseram pegar os cães como bichos de estimação, uma vez que mantê-Ios implicava às famílias que tinham os Akita dispôr de comida quando ela era muito escassa. De novo mantendo os cães escondidos, e até tirando comida da própria mesa para dar aos animais, a criação dos Akita foi reiniciada.

akitasesamopeqCuriosamente, graças à proteção aos Akita gerada por essa situação adversa, a variedade foi preservada. Na década de 60, a raça Akita finalmente pôde ser divulgada abertamente, tornando-se hoje a variedade canina que representa o Japão. A atual linhagem descende principalmente dos espécimes criados por Kunio Ichinoseki, que desde a década de 20 dedicou sua vida aos cães Akita. A moderna linhagem japonesa, conhecida como Akita Inu (ou Akita ken – leitura diferente mas com o mesmo ideograma), tem como principais características porte grande, focinho médio, rabo enrolado, olhos escuros e pelagem média de cor branca, sésamo, marrom clara (gergelim), tigrada e ruiva. Nos Estados Unidos desenvolveu-se uma linhagem chamada Akita Americano ou Grande Cão Japonês, que descende dos exemplares levados pelas Forças de Ocupação para a América, que possui pelagem malhada escura e traços da miscigenação com o Pastor Alemão.

Vários eventos pelo mundo visam preservar a raça Akita atualmente.
No Japão, a Sociedade de Preservação do Akita Inu realiza duas grandes exposições, uma na primavera e outra no outono.

Outras espécies japonesas

As outras espécies reconhecidas pela Federação de Cinologia Internacional são:

  • Hokkaido – de tamanho médio, que acompanhou migrantes da ilha principal do arquipélago para a ilha de Hokkaido, ao norte, no Período Kamakura (1192 a 1333 d.C.).
  • Kai – de porte médio, recebeu o nome da região onde vivia, na Província de Yamanashi. Era usado na caça deursos e veados.
  • Kishu – variedade média existente no Japão desde a Antigüidade. Foi reconhecida corno raça originária do Japão em 1934 e o nome vem da região de onde ele veio, entre as Províncias de Mie e Wakayama. Antes, a espécie apresentava pelagem malhada com cores fortes, como vermelho e gergelim. Em 1945 foi constatado que essa variedade havia perdido essa coloração, que nunca mais apareceu.
  • Shikoku – também conhecido como kochi-ken, por ser um cão das montanhas da província de Kochi
  • Tosa – uma mistura de variedades ocidentais como bulldogs e mastifs com o cão Shikoku, que foi largamente utilizado no Japão como cão de briga.
  • Chin – antigos documentos atestam que ancestrais dessa variedade foram trazidos ao Japão como um presente dos governantes da Coréia no ano de 732 d.C. Nos cem anos seguintes, um grande número de Chins chegaram ao Japão, sempre adotados como cães de estimação devido ao seu pequeno porte e temperamento amável.
  • Spitz japonês – a origem dessa raça está no Spitz alemão, que foi importado em larga escala no Japão em torno de 1920. Posteriormente, com a importação de outras variedades Spitz da Canadá, Estados Unidos, Austrália e China e o cruzamento entre elas, surgiram diversas misturas. O padrão atual do Spitz japonês foi reconhecido em 1948 pelo Japan Kennel Club.
  • Terrier Japonês – cães nativos do Japão foram cruzados com Fox Terriers trazidos para Nagasaki por holandeses no século XVII, dando origem a essa variedade.

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