Teiichi Haga

 

Teiichi Haga, nasceu no centro de São Paulo e viu surgir os primeiros times de beisebol e também de futebol na coletividade nipo-brasileira. Haga também é um dos primeiros advogados de ascendência japonesa no Brasil.

“O meu pai dizia que eu falava demais, e quem fala demais deveria ser advogado”, assim explica Teiichi Haga sobre a sua opção profissional, em 1940, quando poucos de sua geração faziam curso superior. No mesmo Largo São Francisco (USP) onde se formou, estudaram Kenro Shimomoto, o pioneiro, depois de Teichi Suzuki, e, um ano antes, o ex-deputado Yukishigue Tamura, colega de Jânio Quadros. A turma de Haga, que era a mesma do falecido deputado Ulisses Guimarães, era surpreendente porque tinha quatro “japoneses”, coisa rara na época. Um deles, Kiyoshi Takabatake, era realmente nascido no Japão, mas os outros eram nisseis. Yoshiko Akinaga Haga, sua cunhada e colega de turma, se tornou a primeira mulher descendente de japonês a forma em direito, na América do Sul. Outro colega, João Sussumu Hirata, foi deputado federal. Haga não queria ser político, embora gostasse de fazer discursos. Sendo um dos fundadores do Gakussei Renmei (Federação de Estudantes Nikkeis), que promovia excursões e festivais, era sempre o orador. Os festivais litero-musicais aconteciam no clube alemão da rua São Joaquim, hoje ocupado por um quartel, muito próximo da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, fundada posteriormente. Na verdade, a pequena coletividade nipo-brasileira formava-se no bairro da Liberdade, tendo como centro a rua Conde de Sarzedas. O advogado e bochófilo Haga nasceu no número 46 dessa rua, hoje ocupada por lojas e igrejas evangélicas. No número 48 funcionava a escola Taisho Shogakkô, que dava aulas de japonês e português para japoneses. Na mesma rua ficava o hotel Mikado, onde se hospedavam os imigrantes em São Paulo, e que deu origem a um dos primeiros times de beisebol do Brasil. As partidas eram realizadas bem perto dali, no campo da fábrica de cigarros Sudam , no Glicério. Haga que chegou a ser vice-presidente da Federação Paulista de Beisebol e Softbol, começou brincando de beisebol na rua e relembra com saudade dos antigos e precários campeonatos: “Vinham times do interior e a maioria ficava nas pensões da Liberdade, mas o time da Aliança, comandado pelo capitão Issamu Yuba, acampava no próprio campo. Não havia equipamentos para a pratica de beisebol, e ali na mesma Conde de Sarzedas, um sapateiro japonês começou a fabricar luvas, e foi assim que tudo começou”.

Outra grande paixão de Haga é o bocha. Seus vizinhos italianos tinham um empório com cancha de bocha, e na adolescência se divertia com eles. Mais tarde, foi praticar o mesmo esporte no Clube Tietê, mas a pratica mais intensa ficou reservada para o Nippon. Aposentado, e com os filhos crescidos, comparece com sua esposa aos domingos para brincar e disputar campeonatos internos.

Enquanto seu amigo Yukishigue Tamura seguiu a carreira política, inicialmente apoiado no beisebol (ambos fizeram parte da mesma diretoria da Federação Paulista), Teiichi preferiu atuar como advogado da Bratac, empresa de colonização, que deu origem ao Banco América do Sul. Haga foi um dos fundadores da Assistência Social Dom José Gaspar (Ikoi no Sono) e foi seu diretor por 42 anos. Foi assessor da Beneficência Nipo-Brasileira.

Aos 90 anos, o animado ex-advogado Haga, demonstra com orgulho, que canta em seis línguas, e esta pronto, a qualquer momento, a dar um show, que pode incluir as belas e tradicionais marchas carnavalescas como as músicas românticas japonesas. Antes de tudo, Teiichi Haga é um show de saúde!