nov 182014
 
BabyMetal na foto de Graham Berry

BabyMetal na foto de Graham Berry

Não há como ser indiferente à nova sensação do J-Pop / J-Rock. Alguns vão odiar, mas com certeza muitos já amam a banda BABYMETAL.
A banda define seu estilo como um novo gênero, o kawaii metal, uma mistura do J-Pop com o heavy metal – algo tão novo e estranho que a própria imprensa tem dificuldade em classificar (apareceram expressões como “symphonic death metal” e “melodic speed metal” para tentar descrever o estilo musical da banda). Como definir em poucas palavras a mistura de meninas kawaii adolescentes com atitude roqueira, figurinos gothic-lolita, vocais e coreografias de “idols” J-Pop, mais muito som heavy metal – e fazer essa mistureba dar certo? Só no Japão surgiria algo assim.
O trio que canta e dança (considere que dançar é algo que bandas de heavy metal não fazem) é formado por Suzuka Nakamoto (Su-Metal, 16 anos), Yui Mizuno (YuiMetal, 15 anos) e Moa Kikuchi (MoaMetal, 15 anos). Junto com o instrumental pesado da banda Kiba of Akiba, a BABYMETAL acaba de fazer sua primeira turnê internacional.
Apesar da pouca idade, as meninas da BABYMETAL se apresentam como artistas experientes em festivais de heavy metal no Japão e no exterior, encarando multidões de metaleiros e fazendo muito marmanjo babar. A banda foi formada por KobaMetal, produtor da Amuse Inc., empresa japonesa que forma “idols” adolescentes para o mercado J-Pop. A inspiração para a banda veio da similaridade que a expressão “heavy” (“hebi~” em japonês) tem com a palavra “baby” (“bebi~” em japonês) e do contraste entre as duas idéias. Em entrevistas as meninas da BABYMETAL contaram que quando o produtor explicou para elas, então com 11 anos de idade, a visão que ele tinha para elas e a banda, a reação delas foi uma careta e a pergunta: “Como é que é!?”
O sucesso começou em 2011 quando o vídeo-demo da música “Doki Doki Morning”, primeiro single da BABYMETAL, foi lançado no Youtube e se tornou viral alcançando mais de 1 milhão de acessos em um ano. Em 2012, ao se apresentar no Summer Sonic Rock Festival, o maior do Japão, as meninas da BABYMETAL se tornaram as artistas mais jovens a se apresentar no evento. No ano seguinte elas voltaram ao Summer Sonic e fizeram o vídeo promocional do lançamento no Japão do filme da banda Metallica, “Though the Never”.
Em fevereiro deste ano elas lançaram seu primeiro álbum, que na semana de lançamento atingiu a 4a. posição da Oricon, a 2a. posição na Billboard Japan e a 187a. posição na U.S. Billboard General Chart (o fato de algum artista japonês conseguir entrar na lista é por si só um grande feito). Em março a BABYMETAL fez seu primeiro show com lotação esgotada no Budokan Hall em Tóquio (praticamente um rito de passagem para toda banda ou artista ser considerado grande no Japão). Os meses de junho, julho e agosto foram uma maratona de shows solo e apresentações em festivais na Europa e nos Estados Unidos, onde a BABYMETAL também fez o show de abertura na turnê americana do show da Lady Gaga: “ArtRave: The Artpop Ball”. O aberto apoio que Lady Gaga deu à BABYMETAL catapultou a banda à fama internacional.
De volta ao Japão, a BABYMETAL está trabalhando no próximo álbum, que será gravado ao vivo num novo show no Budokan Hall, no dia 07 de janeiro de 2015. Superadas a surpresa e a incredulidade diante da novidade, a BABYMETAL segue rumo ao estrelato, “totally & kawaiilly WAdical!!” Yeah!!

Video – Megitsune

Video – Uki Uki Midnight

https://www.youtube.com/watch?v=W-2Z_kQpdW0

Video – Akatsuki – Su-Metal com a banda X Japan

nov 172014
 

himi fujioN6343Himi é uma pequena cidade litorânea de 50 mil habitantes da província de Toyama. Ela passaria despercebida se não fosse pela destacada atividade pesqueira e por um nativo ilustre, o desenhista de mangá Motoo Abiko. “Fujiko Fujio” que assinou desenhos famosos como Doraemon, Paaman e Obake no Q-Taro, era uma dupla de amigos, que passaram a trabalhar individualmente em 1987. Um deles era Hiroshi Fujimoto e o outro era Motoo Abiko. Os dois, ainda bem jovens, seguiram o exemplo de Osamu Tezuka, seguiram seus sonhos, e foram parar no conjunto de apartamentos Tokiwa, em Tóquio, onde moraram, na mesma época, com Fujio Akatsuka e Shotaro Ishinomori, dois grandes nomes que ajudaram a construir o mangá de hoje.himi fujioN6347

Depois da separação profissional da dupla, Motoo adotou o nome artístico de Fujiko Fujio A e continuou produzindo seus mangás. A cidade de Himi homenageia esse artista em todos os lugares, tanto que é um museu a céu aberto dos personagens de Fujio A, cujas estampas cobrem os ônibus da cidade, os vagões de trem, os taxis, e há estátuas nas principais ruas, além de um museu exclusivo. Mas o mais incrível são as estátuas de quatro de seus personagens em destaque no meio de um templo budista. Há explicação para isso: Fujio A nasceu dentro desse templo!

Himi, por ser uma cidade de pescadores, possui um grande mercado em estilo japonês, novinho e muito limpo, onde, por incrível que pareça, não há gelo respingando, moscas e o cheiro de peixe.

nov 072014
 

japan cosplay local_3109Aconteceu na cidade de Komatsu, província de Ishikawa. O Museu de Carros Antigos de Komatsu, que é um grande museu, fez parceria com a Japan Cosplay Committee (http://www.jpcc.jp/), para fazer eventos periódicos e dar a Komatsu, conhecida como a “cidade dos veículos”, uma nova cara, reconhecida pelos jovens e estrangeiros.

O primeiro evento aconteceu em junho de 2014 e nessa primeira etapa, 100 cosplayers vieram de várias partes do país. O segundo aconteceu no dia 3 de novembro, contando com o apoio do jornal Hokkoku Shimbun. Na ocasião, os cosplayers posaram ao lado e dentro de carros clássicos e históricos para o público presente.

japan cosplay 02O Museu de Komatsu tem um acervo de 500 carros nacionais e importados, compreendendo um período longo que vai do início da Era Meiji até hoje, e fica numa grande construção de tijolo aparente, ao que uma das cosplayers do evento comentou “a construção é oshare e é kawaii”, e completou: “é um belo local para conhecer os carros e sua história”.japan cosplay lupin_0234x

 
Obs.
1 – A cidade de Komatsu é conhecida como “cidade dos veículos” porque possui um aeroporto internacional; uma base aérea da defesa, um museu do trem, um museu do carro, uma fábrica de ônibus, uma área para canoagem com equipe olímpica própria, o museu e a fábrica da Komatsu, fabricante de tratores e veículos pesados, e muito incentivo para o uso da bicicleta. A cidade de Komatsu tem site em inglês. Visite-o.
 
2 – O Japan Cosplay Commitee (http://www.jpcc.jp/) é uma entidade oficial de utilidade pública reconhecida pelo governo japonês e realiza várias atividades sociais no Japão. Visite o site e veja mais fotos de eventos.
 
3 – A publicação das fotos foi autorizada pela Japan Cosplay Commitee exclusivamente para o site culturajaponesa.com.br
out 272014
 
Halloween de Tóquio. Foto de Sarah Haynes

Halloween de Tóquio. Foto de Sarah Haynes

Uma festa infantil e ocidental ganhou proporções gigantescas no Japão. Em todas as cidades japonesas é possível ver referências da festa do Halloween, que são lojas anunciando promoção ou de cafeterias e espaços que promovem pequenas festas ou da Tokyo Disneyland. Na cidade de Tóquio é diferente. Há menos de 10 anos, a festa começou a ser realizada no meio da rua, em vários pontos da cidade. Este ano, o evento começou no dia 25 de outubro, às10h30, no Roppongi Hills (um shopping gigante), foi para as ruas e foi a notícia da semana em quase todas as mídias. Embora muitos tenham optado por roupas mais óbvias c0mo de zumbis, houve até o “tema do ano de 2014” para a festa, que foi “cinema”. Assim, fantasias tradicionais como de Batman e Homem Aranha saíram do armário, mas as preferidas foram os personagens de animê e games.

Australianos e americanos entrevistados pela TV japonesa disseram que a festa em Tóquio era a oportunidade para adultos se vestirem como seus personagens preferidos e no meio da rua. Apresentadores da TV comentaram que é provável que tantos turistas venham a Tóquio para o Halloween porque podem se vestir como quiserem sem serem importunados. Todos dizem que na festa japonesa, as fantasias podem ser assutadoras, mas predomina o lado “kawaii” das pessoas.

halloween tokyoA Fuji TV promoveu o evento denominado “T-SPOOK~Tokyo HALLOWEEN PARTY~” em seu grande pátio, onde se apresentaram as estrelas do momento, como Kyary Pamyu Pamyu e Momoiro Clover Z. O evento, realizado nos dias 25 e 26 de outubro, contou com concurso, produtos e desfile cosplay. Outro desfile de rua movimentado acontece na vizinha Kawasaki, onde a festa começou dia 26 e vai até o dia 30. A festa no bairro de Kichioji acontece nos dias 29 e 30, também com desfile. No Shopping Center de Tamagawa, o desfile infantil acontece nos dias 25 a 31. Há também outras festas, muitas delas em clubes noturnos.

Pikachu tendo que se explicar à polícia...

Pikachu tendo que se explicar à polícia…

Tóquio comemora mais um ano de sucesso desse grande evento temático. Os comerciantes e os hoteleiros também. O evento traz japoneses de todo o Japão e também estrangeiros e o volume de negócios é impressionante. Como o Natal não é uma festa tradicional, o Valentine Day (Dia dos Namorados) em fevereiro era a principal data para o comércio local, que movimenta cerca de 1,08 bilhão de dólares. O Halloween deste ano superou essa marca e atingiu 1,1 bilhão de dólares.

Veja fotos do Halloween de Tóquio (2013): tokyofashion.com

out 202014
 
akihabara predios.jpg

Foto de Danny Cho

Decepção para os brasileiros que, em viagem ao Japão, fazem questão de visitar Akihabara, o paraíso dos eletrônicos. Durante a bolha econômica japonesa, nos anos de 1980, esse bairro floresceu ostentando prédios com gigantescos letreiros coloridos e inúmeras lojas, uma do lado da outra, onde incontáveis modelos de câmeras e outros itens ainda pouco conhecidos no mundo estavam empilhados na entrada.

Os letreiros continuam coloridos e a gigante Yodobashi Camera também mantém seu ponto comercial, mas percebe-se que o bairro mudou seu foco, predominando-se lojas e serviços voltados aos fãs de mangá, animê e game. Há muitos Maid Cafe, onde as atendentes estão vestidas como garçonetes francesas do passado, o bar AKB-48 e o bar Gundam, e muitos outros estabelecimentos desse tipo, onde as moças de cosplay distribuem folhetos no meio das ruas. São muitas as lojas que vendem DVDs, games e bonecos para colecionadores. Se esse é o seu objetivo, não haverá decepção.

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Foto de Carter McKendry

Pedaço de bolo num Maid Cafe

Pedaço de bolo num Maid Cafe.
Foto de Joaquim Rocha

 

Para quem procura notebooks, tablets ou smartphones (conhecidos como Smaho), algumas dessas lojas são Duty Free Shop, ou seja, basta apresentar um passaporte estrangeiro onde possa verificar que vai ficar menos de seis meses no Japão, e não terá que pagar os 8% do imposto de consumo que é aplicado sobre todos os produtos e serviços. É uma grande vantagem. Mas terá que subir escadas apertadas e visitar várias lojas até encontrar o que procura. Há também muitas lojas pequenas que vendem produtos novos junto com usados em ótimo estado, mas têm-se a impressão de estar na Rua Santa Efigênia, em São Paulo. Não que as lojas sejam ruins, mas é possível deparar com etiquetas com dois preços: o preço em destaque, mais baixo, é quando você compra o equipamento (notebook ou tablet) junto com a assinatura do provedor de internet, e o preço escondido é para você que não quer os serviços agregados.

Patrick Macias, jornalista do The Japan Times, escreveu em 2007 que o bairro estava mudando. Depois do boom dos PCs, na década de 1990, Akihabara começou a receber os visitantes chamados de Otaku – fãs e colecionadores de animê, mangá e game -, que têm no consumo de tecnologia eletrônica, um aliado na manutenção de suas fantasias. Passou a ser chamado de Akiba por eles que fizeram a felicidade dos comerciantes que tinham esses produtos. Porém, na disputa pelo concorrido espaço em Tóquio, Akiba perdeu alguns prédios para escritórios de empresas como a NTT, gigante da comunicação, e o espaço passou a ser ocupado por assalariados comuns e otakus.

Na prática, os consumidores passaram a frequentar menos o bairro de Akihabara, porque as grandes redes japonesas de eletrônicos, como a Yamada Denki, estão em suas cidades. E hoje, qualquer cidadão pode pesquisar e comprar pela internet sem medo, porque no Japão o produto é entregue no dia seguinte e sem falta. Akihabara, que começou como mercado negro de produtos elétricos nos primeiros anos do pós-guerra, está em transformação, como acontece sempre no Japão. Aqui, a ordem não é destruir para fazer algo novo. O lema “Renovar e Manter” se aplica mais uma vez.

Para saber mais sobre o comércio de eletrônicos em Akihabara: site oficial