mar 092013
 

No dia 13 de março, às 19 horas, haverá um encontro com Alexandre Kishimoto (antropólogo, autor do livro Cinema japonês na Liberdade [Estação Liberdade, 2013]), Alfredo Sternheim (cineasta e ex-crítico de cinema de O Estado de S. Paulo, autor de Cinema na Boca [Imprensa Oficinal, 2005]) e Nelson Hirata (jornalista, filho de Kimiyasu Hirata, o pioneiro na exibição de filmes japoneses no interior paulista e proprietário do Cine Nippon). O encontro faz parte do ciclo de palestras, filmes e debates do projeto “Travessias em conflito – O lado B da imigração japonesa no Brasil”.

Livro cinema japonês na Liberdade

21h: Coquetel de apresentação do livro Cinema Japonês na Liberdade – Do início dos anos 1950 até o final da década de 1980, um conjunto de salas de cinema localizado no bairro paulistano da Liberdade exibiu exclusivamente filmes japoneses para um público formado majoritariamente por japoneses e nikkeis residentes no estado de São Paulo, e também por estudantes, artistas e intelectuais não-nikkeis. Estes cinemas de rua contribuíram decisivamente para a caracterização da Liberdade como bairro japonês: foi após a inauguração do Cine Niterói, em 1953, que o comércio japonês floresceu na região da rua Galvão Bueno e da praça da Liberdade. Importantes cineastas paulistas, como Carlos Reichenbach, Walter Hugo Khouri, João Batista de Andrade e Roberto Santos reconhecem a influência dos filmes japoneses assistidos na Liberdade em suas próprias realizações. O lançamento oficial do livro ocorrerá no dia 26 de março, às 18h30, na Livraria Cultura da Avenida Paulista 2073, Conjunto Nacional.

Local: Centro Cultural Hiroshima – Rua Tamandaré, 800 – Liberdade (estação São Joaquim do metrô) – Entrada franca – Estacionamento no local.

Acompanhe o projeto pelo blog www.travessiasemconflito.com.br e pelo facebook http://pt-br.facebook.com/pages/Travessias-em-Conflito/104847556327993

Fizemos uma homenagem especificamente ao Cine Niterói, pelos 60 anos de sua fundação, no post anterior.

fev 202013
 

Inauguração do Cine Niterói na Rua Galvão Bueno

O site começou em novembro de 2012 e este é o nosso post de número 100. Para celebrar esse marco, resolvemos homenagear o Cine Niterói, fundado em 1953, que foi uma referência dentro da comunidade nipo-brasileira. Além da sala de cinema de dois andares, com assentos para 1.500 pessoas, o empreendimento contava com um restaurante no primeiro andar; um hotel nos dois andares seguintes, e um salão de festas no último pavimento. Era um empreendimento que certamente encheu de orgulho, não só a família Tanaka, dona do negócio, como também toda comunidade japonesa, que saía da triste situação do pós-guerra, quando o seu país foi derrotado. O primeiro filme exibido foi “Genji Monogatari”, traduzido como “Os Amores de Genji”. Todos os filmes eram legendados e toda segunda-feira entrava um novo filme no projetor. 20 mil pessoas passavam pela sala todas as semanas. Ao contemplar a alegria dos japoneses que lotavam sua casa, Yoshikazu Tanaka resolveu ser ainda mais ousado para dar ainda mais alegria ao seu público: foi ao Japão buscar os protagonistas dos filmes para se apresentarem na estréia das películas. Isso aconteceu várias vezes, e um dos convidados foi Koji Tsuruta, um galã na época. Nessas ocasiões, o convidado se hospedava no hotel da família, e as recepções aconteciam na ampla sala da casa de Susumu Tanaka (irmão de Yoshikazu). Sua filha, Zelinda, ainda se lembra dessas festas, quando a sua casa ficava cheia de destacadas personalidades da época.

Cine Niterói na Rua Barão de Iguape com a Av. Liberdade

Com o sucesso do Niterói, mais três salas surgiram no mesmo bairro para atender ao público nipo-brasileiro. Muitos filhos de agricultores vinham para estudar e trabalhar em São Paulo, tendo como referência essas salas. Surgiram várias pensões e restaurantes. E com isso, a Liberdade acabou se tornando o “bairro japonês”.
Outros cines que se especializaram em filmes japoneses: Tokyo (fundado em 1954 na Rua São Joaquim – depois recebeu o nome de Cine Álamo, e hoje é uma igreja evangélica), Jóia (fundado em 1958, no final teve o nome de Shochiku na praça Carlos Gomes – hoje é uma igreja evangélica), Nippon (fundado em 1959 na rua Santa Luzia – hoje é sede da Associação Aichi Kenjin). A primeira sede do Cine Niterói foi derrubada para a construção da Avenida Radial Leste-Oeste, e a segunda e última ficava na esquina da Av. Liberdade com a Rua Barão de Iguape. Cada cinema representava uma grande companhia japonesa. Tokyo exibia filmes da Nikkatsu, Niterói da Toei, Nippon da Shochiku, e Jóia da Toho.
Matéria mais completa sobre o Cine Niterói está no site: imigracaojaponesa.com.br