out 042022
 

Série de mangá publicada originalmente em 1972 na revista semanal “Margaret”, desenhada por Riyoko Ikeda. Conta a trágica biografia da rainha Maria Antonieta e eventos que culminaram na Revolução Francesa sob a ótica de Oscar de Jarjayes, comandante da Guarda Real de Versalhes.
A protagonista Oscar, apesar do nome, é uma mulher que foi criada como menino por seu pai, um militar aristocrata, para poder herdar os privilégios e títulos de nobreza de sua família.

Misturando história, drama, ação, tramas complexas e romance, o mangá tornou-se um grande sucesso entre meninas de 8 a 15 anos (público alvo da “Margaret”) e também entre adultos.

A Rosa de Versalhes’ é o mangá feminino de maior vendagem do país em todos os tempos”

O comovente final trágico do mangá marcou toda uma geração. Apesar do encerramento da série em 1973, o público continuou a cultuar a história. Em 1974 o Teatro Takarazuka adaptou “A Rosa de
Versalhes” em musical. O sucesso foi tão grande, que filas de 2 semanas de espera se formaram só para a reserva de ingressos e a imprensa cobriu o fenômeno inédito.

Fila histórica para assistir a montagem do musical A Rosa de Versalhes no Teatro Takarazuka

Até hoje “A Rosa de Versalhes” já foi vista por mais de 5 milhões de espectadores e é a peça de maior
sucesso em 109 anos de existência do Teatro Takarazuka.

“Lady Oscar” alcança grande sucesso no exterior

O animê de “A Rosa de Versalhes” ganhou o título de “Lady Oscar” no exterior e alcançou muito sucesso. Na Itália, em 1982, “Lady Oscar” foi o segundo programa de maior audiência da TV do ano (atrás somente da Copa do Mundo de Futebol, título conquistado pela Itália), causou uma febre inédita no país e virou uma série cult.

O sucesso abriu caminho para a grande popularidade dos animês japoneses na Europa até hoje. Discos, álbum de figurinhas, fantasias, brinquedos e até o encarte dominical infantil do jornal “Corriere della Sera”, tudo era feito com o tema “Lady Oscar”.

Popularidade reconhecida no Japão

A popularidade da “Rosa de Versalhes” no Japão é tão grande que se tornou uma referência de cultura popular, estampando produtos diversos e foi homenageada pelos Correios com duas séries de selos. Primeiro mangá elevado à categoria de obra literária, é também o mais influente romance escrito e desenhado no Japão no século 20.

“A Rosa de Versalhes” gerou um enorme interesse pelo rococó e pela cultura setecentista francesa no Japão, que é o país que mais realiza exposições sobre esse tema fora da França.

Sem preconceito contra o rococó, influenciadas pela estética do mangá, desafiando o fast fashion e críticas da “patrulha do bom gosto”, adolescentes do início do século 21 fizeram uma Revolução estética às avessas.

No Japão uma grande exposição no Roppongi Hills em Tóquio, e diversos produtos serão lançados em comemoração dos 50 Anos da “Rosa de Versalhes” neste ano. A importância dessa efeméride é que nunca um mangá foi tão celebrado, principalmente em se tratando de um mangá feminino e antigo para os padrões editoriais atuais. Isso consagra “A Rosa de Versalhes” como o grande clássico do mangá moderno por sua duradoura e ampla influência.

No Brasil

O mangá chegou ao Brasil na versão original em japonês, através das livrarias japonesas nos anos de 1972 e 1973. Oito episódios da série em animê e o longa-metragem foram dublados e lançados no mercado de vídeo em 1994 pela Flashstar/ Europa Carat Home Video.
Em 2012, foi realizado um evento comemorativo dos 40 anos da “Rosa de Versalhes” na Associação Mie Kenjinkai em São Paulo pela Abrademi.
Em 2018, o mangá foi traduzido e publicado pela editora JBC com o título de ”Rosa de Versalhes” em cinco volumes de 368 a 408 páginas.

Programação: 50 anos da Rosa de Versalhes

Exposição de Painéis e Objetos: “A Rosa de Versalhes” e sua influência na moda, no comportamento e na cultura contemporânea – De 15 a 23 de outubro de 2022 no 8º andar.

Palestra: “Berubara Boom”– O fenômeno da Rosa de Versalhes”. Palestra de Cristiane A. Sato – Dias 15/10 (sábado) e 19/10 (quarta) às 15 horas no 8º andar.

Desfile de Moda Lolita: Desfile de jovens seguidoras de moda alternativa japonesa gothic & lolita – Dia 23/10 (domingo) às 15 horas no 9º andar.

Exibição de Vídeo: Dias 15, 16, 19, 22 e 23/10 das 14 às 17 horas no 8º andar

 

Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil

O evento será realizado dentro do Museu, que recebeu ampla reforma recentemente. Para participar do evento será necessário pagar o ingresso do Museu, exceto na quarta-feira, quando a entrada é franca.

Local: Rua São Joaquim, 381 – 7º, 8º e 9º andares – Exposição Permanente – Bairro Liberdade – São Paulo

Horário de funcionamento:

Exposição: de terça-feira a domingo, das 13h às 17h * Última entrada até as 16:00

Entrada Gratuita: todas as quartas-feiras

Contribuição adulto: R$ 16,00
Estudantes com carteirinha: R$ 8,00
Crianças de 5 a 11 anos: R$ 8,00
Idosos acima de 60 anos: R$ 8,00 (Lei 10.741/2003 – Estatuto do Idoso)

Promoção: ABRADEMI e Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil

Participação: Editora JBC

Apoio: Fundação Japão em São Paulo

Mais sobre “A Rosa de Versalhes”: https://www.culturajaponesa.com.br/index.php/revivendo-50-anos-depois-rosa-de-versalhes/

https://www.culturajaponesa.com.br/index.php/correios-do-japao-celebram-10-anos-de-selos-de-animes/

https://www.abrademi.com/index.php/meeting-comemorativo-lady-oscar-40-anos/

jul 192021
 

Em dezembro de 2014 a revista especializada “Zexy”, líder do segmento moda noiva e organização de eventos matrimoniais no Japão, publicou uma edição especial disputadíssima, que meio que “oficializou” um casamento, que nunca ocorreu: a união de Oscar de Jarjayes e André Grandier, protagonistas do mangá “A Rosa de Versalhes” da desenhista Riyoko Ikeda. O que chama a atenção neste caso é que ao invés de apresentar matérias com fotos de modelos reais a caráter em igrejas e salões decorados para a ocasião, os modelos dessa edição são personagens fictícios: desenhos de quadrinhos!

Nas últimas décadas fãs passaram a produzir ilustrações e histórias procurando realizar o sonho que Oscar e André não puderam realizar em “A Rosa de Versalhes”: se casar.

Após dezenas de anos de pedidos de fãs, a autora Riyoko Ikeda finalmente cedeu e criou as ilustrações publicadas na “Zexy”, revelando certo desconforto ao fazer esse trabalho numa entrevista: “Gastei toda minha energia para desenhar essas páginas, mas me senti tão envergonhada que não pude sequer ficar lá”. É difícil entender sentimentos contraditórios em relação a ilustrações, que embora tenham alegrado as fãs, causaram constrangimento à autora.

Capa da revista Spur de Outubro de 2014

Teorias sobre o luto falam das etapas de negação, raiva, negociação, depressão e aceitação, e o fato é que fãs de “A Rosa de Versalhes” parecem estar longe da aceitação mantendo Oscar e André vivos na lembrança e produzindo desenhos onde ambos se casam, têm filhos e uma vida normal. Pode ser que desejar que esses personagens tivessem tido um final feliz seja uma bela negação e de que ilustrações do casamento que nunca ocorreu na história original seja a manifestação definitiva do mais longo luto da história do mangá, que completa 50 anos em 2022. Mas já que o amor tudo conquista, e tendo se tornado parte da cultura popular contemporânea, o romance de Oscar e André pode literalmente alcançar a imortalidade repetindo o fenômeno previsto por Shakespeare ao final de sua peça mais famosa, pois “há de viver de todos na memória de Romeu e Julieta a triste história”.

Texto: Cristiane A. Sato, autora de JAPOP – O Poder da Cultura Pop Japonesa, NSP Editora.

Saiba mais sobre “A Rosa de Versalhes”, conhecida também como “Berubara” entre os fãs 

Para entender mais sobre esse tema:

“O Culto ao Barroco Romântico no Japão”. Dia 11 de setembro de 2021, on-line, às 9 horas. Palestra com a profa. Cristiane A. Sato. Promoção da Abrademi e da Associação Cultural Mie Kenjin do Brasil. Evento gratuito.

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