out 202014
 
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Foto de Danny Cho

Decepção para os brasileiros que, em viagem ao Japão, fazem questão de visitar Akihabara, o paraíso dos eletrônicos. Durante a bolha econômica japonesa, nos anos de 1980, esse bairro floresceu ostentando prédios com gigantescos letreiros coloridos e inúmeras lojas, uma do lado da outra, onde incontáveis modelos de câmeras e outros itens ainda pouco conhecidos no mundo estavam empilhados na entrada.

Os letreiros continuam coloridos e a gigante Yodobashi Camera também mantém seu ponto comercial, mas percebe-se que o bairro mudou seu foco, predominando-se lojas e serviços voltados aos fãs de mangá, animê e game. Há muitos Maid Cafe, onde as atendentes estão vestidas como garçonetes francesas do passado, o bar AKB-48 e o bar Gundam, e muitos outros estabelecimentos desse tipo, onde as moças de cosplay distribuem folhetos no meio das ruas. São muitas as lojas que vendem DVDs, games e bonecos para colecionadores. Se esse é o seu objetivo, não haverá decepção.

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Foto de Carter McKendry

Pedaço de bolo num Maid Cafe

Pedaço de bolo num Maid Cafe.
Foto de Joaquim Rocha

 

Para quem procura notebooks, tablets ou smartphones (conhecidos como Smaho), algumas dessas lojas são Duty Free Shop, ou seja, basta apresentar um passaporte estrangeiro onde possa verificar que vai ficar menos de seis meses no Japão, e não terá que pagar os 8% do imposto de consumo que é aplicado sobre todos os produtos e serviços. É uma grande vantagem. Mas terá que subir escadas apertadas e visitar várias lojas até encontrar o que procura. Há também muitas lojas pequenas que vendem produtos novos junto com usados em ótimo estado, mas têm-se a impressão de estar na Rua Santa Efigênia, em São Paulo. Não que as lojas sejam ruins, mas é possível deparar com etiquetas com dois preços: o preço em destaque, mais baixo, é quando você compra o equipamento (notebook ou tablet) junto com a assinatura do provedor de internet, e o preço escondido é para você que não quer os serviços agregados.

Patrick Macias, jornalista do The Japan Times, escreveu em 2007 que o bairro estava mudando. Depois do boom dos PCs, na década de 1990, Akihabara começou a receber os visitantes chamados de Otaku – fãs e colecionadores de animê, mangá e game -, que têm no consumo de tecnologia eletrônica, um aliado na manutenção de suas fantasias. Passou a ser chamado de Akiba por eles que fizeram a felicidade dos comerciantes que tinham esses produtos. Porém, na disputa pelo concorrido espaço em Tóquio, Akiba perdeu alguns prédios para escritórios de empresas como a NTT, gigante da comunicação, e o espaço passou a ser ocupado por assalariados comuns e otakus.

Na prática, os consumidores passaram a frequentar menos o bairro de Akihabara, porque as grandes redes japonesas de eletrônicos, como a Yamada Denki, estão em suas cidades. E hoje, qualquer cidadão pode pesquisar e comprar pela internet sem medo, porque no Japão o produto é entregue no dia seguinte e sem falta. Akihabara, que começou como mercado negro de produtos elétricos nos primeiros anos do pós-guerra, está em transformação, como acontece sempre no Japão. Aqui, a ordem não é destruir para fazer algo novo. O lema “Renovar e Manter” se aplica mais uma vez.

Para saber mais sobre o comércio de eletrônicos em Akihabara: site oficial

out 182014
 
Foto: yumeyakata.com

Foto: yumeyakata.com

A formatura é no mês de março, mas em setembro do ano anterior as empresas especializadas já distribuem seus catálogos nas faculdades. Custa caro, mas as moças fazem questão de usar quimono no dia da formatura, afinal, é um dia especial, e elas querem se lembrar desse dia feliz.DSCN4268

Na promoção e fazendo reserva com muita antecedência, o pacote que inclui a locação do hakama (da foto ao lado), o arranjo do cabelo, maquiagem e o serviço de vestir a formanda, pode custar 430 dólares, para usar naquele dia. Mas não só as universitárias querem usar essas roupas. As empresas possuem até catálogo para formatura do primeiro grau (no Japão, o primeiro grau dura 6 anos). As lojas, neste mês de outubro, estão promovendo a venda de yukatas para crianças, de 7, 5 e 3 anos, pois é tradição levar crianças dessa idade, nesta época, aos templos para uma bênção.

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As jovens de Aichi combinaram passear de quimono num domingo comum

Todas as pessoas possuem ou gostariam de possuir seu próprio quimono. Os rapazes têm menos oportunidade para usá-lo, já as jovens vestem-na quando completam 20 anos, sempre nos primeiros dias do ano. Mas todos apreciam usar o yukata, quimono leve, nos matsuris, festivais tradicionais, que acontecem em vários lugares. Não é pela tradição, mas pela estética, porque yukata combina com matsuri.

quimono4456No Japão contemporâneo, onde o antigo convive com o novo, as pessoas saem com quimono simplesmente porque gostam. E qualquer japonês identifica as vestimentas japonesas como símbolo de elegância. A sra. Takahashi, que pratica a cerimônia do chá e usa quimono no dia-a-dia, conta que na cidade de Kyoto, muitas lojas simplesmente dão um desconto de 5% só porque ela está de quimono. Também na cidade de Kyoto, em determinadas épocas do ano, as passagens de trem e metrô ficam gratuitas para quem usa quimono. Há um esforço por parte de algumas cidades para que o hábito de usar essas vestimentas tipicamente japonesas no dia-a-dia seja adotado por todas as pessoas.DSCN4175

Quando as pessoas, principalmente jovens, usam quimono, yukata, hakama e outras roupas típicas, as pessoas cumprimentam, param para elogiar e tornam aquele momento ainda mais mágico.

out 162014
 
O veterano Asimo, quem diria, no Kennedy Space Center. Foto de Aaron Webb

O veterano Asimo, quem diria, no Kennedy Space Center. Foto de Aaron Webb

Termina nesta sexta-feira em Tóquio, o maior evento de tecnologia do Japão, o Japan Robot Week.

Dentre as invenções que melhoram a produtividade nas indústrias, chama atenção os robôs cuidadores de idosos. Com a preocupação pelo envelhecimento da população, esse tema se tornou proeminente e o Ministério da Economia, Comércio e Indústria criou o espaço chamado “enfermagem” para a exposição de soluções tecnológicas para o setor. Nesse espaço estão as empresas que fabricam, por exemplo, um equipamento que auxilia pessoas com limitação de movimento, e um outro que auxilia pessoas saudáveis a cuidarem do idoso, ajudando-o a levantar peso. Outros não são exatamente máquinas, mas softwares, por exemplo, que monitoram através de câmeras a movimentação do idoso ou daqueles que sofrem algum tipo de demência.

Como uma preocupação pelo desastres naturais, vários robôs foram desenvolvidos para auxiliar as pessoas nessas ocasições extremas, e pelo menos um tem a missão de trabalhar na área afetada pela radiação na usina nuclear de Fukushima.

Mas nem todos os robôs apresentados no evento são para trabalhos pesados. Um fabricante de Tóquio investiu num robô de 1,70 m, que é um barista extremamente cuidadoso. Os clientes escolhem o tipo de café através de tablet e o robô-barista prepara imediatamente e coloca-o na bandeja junto com saquinhos de açúcar e o pazinho para misturar. Confira no video da Japan Times:

 

out 142014
 

Kanazawa trembalaA expectativa é grande na cidade de Kanazawa, província de Ishikawa, no mar do Japão. O trem-bala ligando Tóquio e Kanazawa será inaugurado em 14 de março de 2015.  Na grande estação de Kanazawa, que será também a estação do novo veículo, há um tour mostrando as futuras instalações. Nas paredes da estação estão expostos desenhos de crianças que participaram do concurso de desenho do trem-bala e nos supermercados existe até um doce típico, cuja caixa tem o formato do trem.

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Contagem regressiva para o grande dia

Contagem regressiva para o grande dia

O projeto é realmente novo. O seu design foi inspirado no tema “Wa no Mirai”, que pode ser traduzido como “O futuro da essência japonesa”, e a criação coube ao designer Kyoyuki Okuyama, que trabalhou na General Motors americana, na Porsche alemã e na italiana Pininfarina, onde ficou famoso por ser o único não italiano a desenhar um modelo da Ferrari.

Já havia trem-bala entre as estações de Tokyo e Nagano. Agora, o mais novo ligará a estação de Tokyo até Kanazawa, passando por Nagano e Toyama. O percurso, feito atualmente por trem-bala e por trem expresso em 4 horas, se resumirá a uma curta viagem sem baldeações de 2 horas e 28 minutos. A população de Kanazawa espera que essa facilidade ajude a cidade a receber mais turistas.

Castelo de Kanazawa

Castelo de Kanazawa

Kanazawa é uma cidade pequena, de 458 mil habitantes, mas é a maior cidade da província de Ishikawa, e a capital cultural e econômica da região de Hokuriku, composta por Toyama, Ishikawa e Fukui. Embora não receba tantos visitantes estrangeiros, é uma cidade bastante querida pelos japoneses. Ela recebe anualmente 7 milhões de visitantes, muitos dos quais em busca de um refúgio tipicamente japonês. Vale lembrar que a cidade possui muitas das construções da época dos samurais, porque o local pertencia a um dos mais ricos senhores feudais do Japão, e que soube investir na arte e na cultura. Depois, a cidade nunca sofreu um desastre natural devastador como em outras regiões, além de não ter sido bombardeada durante a guerra.

A cidade tem artesanato próprio, cerimônia do chá, teatro Noh, biscoitos típicos “wagashi”, onsen (thermas), bairro das gueixas, e um calendário repleto de eventos, como desfiles de moda, festa de animê, oficinas artísticas, maratonas e até academia de sumô. Não faltam atrações para o turista, que conta com vários museus, inúmeros restaurantes típicos, parques e templos, e o que é importante, é possível se locomover facilmente a pé ou com um ônibus circular que sai da estação de Kanazawa levando turistas.

out 132014
 

karacon

Uma pesquisa informal realizada pelo programa “Asa-Chan”, da rede de TV TBS de Tóquio, perguntou às adolescentes na rua: “O que você considera mais importante para a sua vida?”

Algumas disseram que é o seu cachorro, mostrando a foto no smartphone. Outras mostraram algum objeto que ganharam do pai ou algum parente. Mas a maioria das moças respondeu “kara-con”. Seguindo a mania dos japoneses de encurtar os nomes das coisas, “kara-con” significa “colour contact lens”. No caso, essas lentes nem sempre são usadas para mudar a cor dos olhos, mas sim, para aumentar a área escura da íris. Dizem que é para ficar “kawaii” como as personagens de mangá.

Foto: Lola Photography

Foto: Lola Photography

A maioria usa as lentes todos os dias e dizem que não conseguem sair de casa sem elas. Podem deixar de se maquiar, mas jamais deixam de colocar as lentes. Elas se sentem envergonhadas em mostrar os olhos sem as tais lentes. Com certeza, o comércio ganha bastante com essa moda. Há destaque nos shoppings e há até sites especializados em venda de “kara-con”. Veja um deles: Kara-con-net

“Sair de casa com os olhos nus só depois que eu estiver morta”, declarou a cantora pop  Kyary Pamyu Pamyu, de 22 anos.