set 102014
 
Publicação de 2004 relembrando os 40 anos dos Jogos de Tóquio. Foto de James Wang

Publicação de 2004 relembrando os 40 anos dos Jogos de Tóquio. Foto de James Wang

Os Jogos Olímpicos de 1964 foram uma oportunidade para apresentar o novo Japão, destruído pela guerra e reconstruído com uma velocidade inimaginável. Não foram apenas os estádios que surgiram do nada, mas toda a infraestrutura do País pareceu perfeita para os visitantes. Várias rodovias foram inauguradas, duas novas linhas de metrô começaram a funcionar em Tóquio, o aeroporto de Haneda foi modernizado para receber os turistas, e o que chamou a atenção foi o trem-bala, o primeiro Shinkansen, que ligou as estações de Tóquio e Shin-Osaka, numa distância de 515 km, em apenas 4 horas de viagem incluindo duas paradas. Até hoje, esse é o trecho mais concorrido do mundo, onde circulam 13 trens por hora, cada qual com capacidade para 1323 passageiros. Os modernos trens N700 reduziram o tempo de viagem para 2 horas e 25 minutos, mas naquela época, aquele trem da linha Tokaido foi notícia no mundo inteiro, pela velocidade e pela pontualidade.

Além de construir a estrutura física, todos os japoneses estavam conscientes da sua responsabilidade para com o êxito daquele grande evento internacional. Aquele Japão tinha renascido e não guardavam mais rancores da ferida recente. Todos procuraram fazer o melhor de si, não só para dar a melhor atenção para os turistas, mas colaborando para manter a cidade completamente limpa. Assim, num esforço coletivo, o Rio Sumida que corta a cidade, antes bastante poluído, ficou limpo e passou a ser frequentado por pescadores amadores.

Dentro do trem-bala: melhor que avião. Foto de Wally Gobetz

Dentro do trem-bala: melhor que avião. Foto de Wally Gobetz

Dentro dos ginásios, os atletas japoneses vestiram a camisa do País de verdade e conseguiram superar muitos dos seus adversários e se tornaram lendas. De um 8º lugar nos Jogos de Roma em 1960, com oito medalhas de ouro, quatro anos depois, os japoneses subiram para o 3º lugar, com 16 medalhas de ouro, dentre 93 países, perdendo apenas para os Estados Unidos e a União Soviética. A organização foi milimétrica, desde a recepção no aeroporto, na entrada nos estádios, e no show de abertura. Não havia recursos eletrônicos, mas havia recursos humanos competentes, e o espetáculo foi transmitido via satélite para o mundo, sendo os primeiros jogos a serem transmitidos dessa forma.
No dia 10 de outubro de 2014 se completam 50 anos da abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Todos os estádios construídos continuam sendo usados até hoje e abrigam grandes shows e competições. O trem-bala, que chega alcançar 320 km/h, cresceu para 2.387 km de trilhos. O aeroporto de Haneda perdeu o título de internacional para Narita, mas continua recebendo os vôos nacionais. A cidade continua limpa e os pescadores ainda estão no Rio Sumida.

Reflexão se faz necessária: O Japão começou a construir a infraestrutura necessária para os jogos assim que venceu a competição entre os candidatos (Detroit, Viena e Bruxelas) em março de 1959. Tiveram cinco anos para isso. Tóquio se candidatou novamente, mas perdeu para o Rio de Janeiro a sede dos próximos Jogos, de 2016.
No Brasil, ninguém fala nos Jogos Olímpicos do Rio, que acontecerão daqui a 2 anos, mas no Japão, que sediará os jogos de 2020, não só estão falando, como também apresentam num site uma campanha para receber de braços abertos os visitantes, e mostram todo o planejamento da infraestrutura a ser construída para o evento ser inesquecível. Veja em Tokyo2020

Aqui, num curioso noticiário de junho de 1964, a Universal Pictures mostra os estádios de Tóquio em fase final de construção, no trecho entre 3:43 a 4:27.